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Não sonho mais

Eu não sonho mais nada. Tudo o que eu sonhei para minha vida só veio de forma contrária. Então para eu não me decepcionar, prefiro não sonhar mais. Perdi o desejo por tudo. Sandra Sueli (comentário ao artigo Sonhos que não se realizam)

Toda vez que nos autorizamos a sonhar algo (estou me referindo ao sonho acordado), o objeto desejado — que pode ser uma pessoa, uma viagem, um projeto de vida, um bem material, etc.– é “investido” pela nossa energia psíquica (libido). A mente fica totalmente tomada por esse processo de erotização do objeto sonhado que passa a ser visualizado pela nossa mente, e acariciado pelo nosso afeto.

O sonho porém, para não se tornar um devaneio, deve fazer as contas com a realidade, pois o objeto sonhado é um objeto interno (da nossa mente). Torna-se portanto necessária uma transição do nosso mundo interno para o mundo externo, do objeto subjetivo, para o objeto objetivo.

É nesse momento que começam as dificuldades, pois, dependendo do grau de idealização do objeto desejado, os objetos do mundo real podem parecer inadequados, ou podem resistir à tentativa de submetê-los à ditadura do objeto idealizado. Dois processos opostos podem então acontecer.

O que foi produzido pelo nosso mundo interno pode simplesmente ser projetado sobre algum objeto do mundo externo, que fica então aprisionado nessa projeção. Neste caso a chance do sonho não se realizar é grande, pois não ouve um encontro com um objeto real e sim apenas uma captura do objeto real por parte do nosso mundo interno.

Diferente é quando o objeto do mundo externo “encontra” o nosso sonho, interagindo com ele, transformando-o de certa forma. Como em todo encontro há duas forças interagindo ao mesmo tempo, uma “de dentro” e outra “de fora”, fazendo com que o objeto seja criado e ao mesmo tempo seja encontrado, porque já estava lá. Desta forma podemos dizer que o objeto do sonho não é nunca encontrado e sim constantemente recriado.

O processo de sonhação exige um tempo de espera. É o tempo em que o nosso inconsciente se abre em uma percepção ampliada, para captar no mundo externo sinais que possibilitem o encontro criativo com algo que já estava lá.

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