Quando o teste de gravidez ou o médico sentenciam: “Você está grávida”, se abrem para o universo emocional feminino inúmeras possibilidades, nem sempre anunciando um céu sereno e a promessa de uma jornada luminosa.
Um primeiro fato importante é o quanto esse bebê foi “sonhado” pela mulher. Um filho pode ser sonhado, mesmo que, naquele momento especifico, não seja “esperado”, no entanto, quando ele não foi nem sonhado e nem é esperado, a descoberta de estar grávida pode acarretar para a mulher uma sensação profunda de angústia, um verdadeiro trauma.
Outro fator importante nesse cenário é o quanto ela pode contar com um parceiro para enfrentar a jornada da gravidez e o nascimento do seu bebê. Poder contar não quer dizer apenas que existe um pai biológico disposto a assumir a paternidade, mas também que esse pai pode “sonhar” o bebê que vai nascer junto com ela. Às vezes, mesmo que a mulher esteja incerta sobre o seu real desejo de ter um bebê, ao ver a felicidade do parceiro pode começar a erotizar o bebê que está na barriga dela. Assim como o contrário pode acontecer se o parceiro não se sente envolvido com ela na gravidez que está iniciando.
Paradoxalmente, um bebê pode trazer à mulher uma sensação de realização e de potência, assim como pode trazer uma sensação angustiante de aprisionamento e de “invasão”, sobretudo quando ele está frustrando algum outro “sonho” que ela estava acalentando (carreira, viagens, estudos, diversão, corpo perfeito, etc.). O bebê, embora isso possa parecer horrendo, pode ser percebido pelo inconsciente como um intruso, um estraga-prazeres.
A própria mulher costuma ficar horrorizada com esses sentimentos, que geram nela um misto de culpa e de raiva, mas a única forma de enfrenta-los é reconhecê-los e aceitá-los.
Já para o homem, as reações podem ser não menos confusas e contraditórias. Se por um lado pode se tornar orgulhoso de vir a ser pai e de ter feito um filho naquela mulher em especial (claro se essa for de fato a mulher que ele escolheria para isso), por outro lado também pode perceber o como um intruso, como alguém que ameaça os seus sonhos, mas sobretudo, como alguém com quem terá que “dividir” o amor da sua mulher.
Enfim nem sempre a gravidez é bem-vinda e é importante reconhecer quando ela é problemática para o psiquismo, no intuito de poder aprender a lidar com os sentimentos negativos que inevitavelmente irão surgir.