“Ela”: a namorada perfeita

O sonho de todo homem e toda mulher é encontrar um parceiro que entenda suas necessidades e desejos e saiba se adaptar a eles da melhor forma possível. Melhor ainda se para isso não tiver sequer que se dar o trabalho de “discutir a relação”.

O filme “Ela” transporta esse “sonho” para uma realidade situada em um futuro próximo. Mas não precisa ir tão longe: o mundo virtual já nos proporciona algo parecido. Basta acessar uma rede social ou um aplicativo de relacionamento para que o usuário possa viver suas fantasias e encontrar o parceiro “ideal”. Para isso terá que realizar uma “busca” até identificar o perfil adequado. Se não conseguir, já existem sites e aplicativos de relacionamento que facilitam o processo, aproximando perfis “compatíveis”.

O filme vai um pouco além, imaginando um Sistema Operacional, dotado de inteligência artificial, capaz de se moldar aos desejos do usuário. Neste caso bastaria fazer o download do programa e escolher o sexo do parceiro ou da parceira. Uma vez traçado um rápido perfil, o usuário teria ao seu dispor um relacionamento “perfeito”, do jeitinho que ele sempre sonhou.

Isto naturalmente até que surjam as primeiras dificuldades… Um programa de computador não tem corpo… Bom, nada é impossível. O Sistema Operacional chega a desenvolver sensações corporais e até uma espécie de excitação sexual. Para que tudo isso seja mais “real” o Sistema recorre a outro usuário do mesmo Sistema Operacional, que se dispõe a lhe prestar um corpo para viver uma experiência mais completa.

Mesmo assim, se relacionar com um “corpo emprestado” não é fácil… Que os usuários do “Tinder” o digam. As frustrações e as decepções aos poucos começam a aparecer. O parceiro, mais uma vez, se mostra ser insuficiente, inadequado, apesar de ter sido “moldado” pelo desejo do próprio usuário, que revive sentimentos experimentados em relações anteriores, não virtuais. Até cair a ficha… Não existe uma relação perfeita, construída no horizonte do desejo. O desejo na vida amorosa está destinado a falhar, pois estará sempre em busca de um alvo impossível, a não ser que aceite a própria limitação e a limitação do outro, se transformando em amor maduro.

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