O autismo é uma forma de psicose, que leva o indivíduo afetado a um total fechamento no próprio mundo interno, impedindo qualquer contato com o mundo externo. Nos casos mais graves, a ausência de contato com o exterior pode levar até ao mutismo.
Por se tratar de um distúrbio grave, de caráter psicótico, é exigida à orientação e à ajuda de um profissional. Por sinal, nem todo profissional da área de saúde mental está habilitado a tratar desse tipo de distúrbio, que exige um grau de especialização considerável (o mesmo diga-se de todas as formas de psicose).
Até hoje, nenhum trabalho de pesquisa científica consegui demonstrar convincentemente que o autismo seja de origem puramente orgânica, excetuando os casos em que houve lesões neurológicas anteriores. Os fatores ambientais parecem exercer uma importância determinante na origem dessa síndrome.
Por outro lado, a psicanálise desenvolveu a partir das experiências clínicas, um conhecimento bastante consistente sobre as origens desse distúrbio e consegui tratar de crianças autistas com bons resultados, em escolas, clínicas e centros especializados, superando assim o pessimismo sobre as possibilidades de tratamento alegadas por alguns círculos organicistas.
O autismo costuma surgir nos primeiros anos de vida e apresenta sintomas característicos. Um deles é o extremo isolamento, que faz com que o autista seja percebido como alguém distante e emocionalmente ausente.
Outros sintomas envolvem a forma como o autista se movimenta. Além de uma tendência à imobilidade, ele pode apresentar movimentos repetitivos, cadenciados, acompanhados de distúrbios da linguagem.
Os problemas na fala podem se manifestar como uma tendência a não falar nunca, ou a emitir palavras desprovidas de significado, fazendo com que o autista desenvolva uma linguagem própria, incapaz de comunicar um sentido que represente qualquer elemento do mundo externo.
O isolamento do autista faz com que ele pareça distante, ausente e, portanto, passa a impressão dele ser indiferente à presença de quem o cuida. Naturalmente essa situação dificulta o equilíbrio emocional de quem vive ao lado do autista, que se sente excluído e totalmente dispensável, com a impressão de estar na frente de um muro emocional intransponível. Isto pode induzir ao erro de pensar que a presença de quem cuida não é importante para o autista.
Na realidade, a atitude incondicional de doação e de afeto é exigida pelo autista como condição para reparar uma falha inicial no cuidado da qual ele se defendeu se fechando de forma radical no seu mundo interno. Somente essa atitude de cuidado e de dedicação pode abrir alguma brecha no muro do autismo, permitindo a comunicação. No início os sinais de que está acontecendo algum tipo de contato serão quase imperceptíveis, mas, aos poucos, irão se tornando mais claros.
A “volta ao mundo” de um autista é uma experiência muito emocionante e pode acontecer de forma mais ou menos profunda, desde que ele seja eficazmente tratado por profissionais especializados e pelas pessoas que cuidam dele no dia-a-dia.