Agressividade: um sinal dos tempos

Eu era uma pessoa pacífica, e agora sou a favor da pena de morte e chego a me surpreender com os pensamentos agressivos que tenho. Estou errado?

A agressividade não é necessariamente um sentimento ruim. A nossa mente precisa dela para se defender de situações que apresentam perigo e para empreender determinadas ações no mundo real, evitando um recuo que nos levaria á uma submissão passiva ao ambiente.

Mantida essa premissa, não podemos deixar de notar que comportamentos agressivos e um clima generalizado de violência pairam no ar. O trânsito é um exemplo disso, apesar das campanhas para sensibilizar o motorista em favor de uma direção mais gentil e criteriosa. Mas as agressões não param por aí. Situações de bullying são cada vez mais comuns tanto no ambiente de trabalho como na escola e na universidade. Podemos falar de uma escalada geral da violência que está se manifestando em ambientes e situações os mais diferentes.

 A causa desse fenômeno não é apenas a indignação devida à corrupção generalizada e ao desmando. Psicanalistas e psiquiatras apontam para um enfraquecimento geral do mecanismo psíquico do recalque, devido ao colapso da noção simbólica de lei e de autoridade (a função paterna). Traduzido em termos mais simples, isto significa que o inconsciente está solto: estamos à mercê dos seus impulsos. Como a vida instintiva do nosso psiquismo não é apenas dominada por Eros (o instinto erótico) e sim também por Tânatos (o instinto de morte), as consequências são cada vez mais claras: esvaziamento da estrutura desejante pela inflação do desejo e irrupção dos instintos de morte através da agressividade e da violência.

O risco é a volta á barbárie: por um lado a dificuldade de aceitar o limite e a lei, por outro, reativamente, uma lei que se impõe de forma arbitrária, como nos casos recentes de violência policial.

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