Adolescente problemático

Tenho um enteado de 16 anos adolescente. Era uma criança normal, brincava, corria, aprontava. Mas desde os 14 venho percebendo uma crescente mudança de comportamento. Ele não fala! Nada além de um Sim, não, ok. Não tem amigos, nunca namorou. É ele e a televisão, o computador e o videogame. (Anônimo)

 

Apesar da adolescência ser comumente descrita como um período difícil, nem sempre comportamentos “estranhos” são sinônimo de problemas graves. É preciso verificar se o comportamento reflete apenas uma crise momentânea, às vezes provocada por algum problema pontual (decepção amorosa, com amigos, com o desempenho escolar, bullying, etc.), ou se tende a se fixar.

Existe ainda, nesta fase do desenvolvimento, a possibilidade que o adolescente tenha “duas caras”, ou seja, que ele se comporte de um jeito com amigos e colegas e de outro jeito na família. De qualquer forma, é aconselhável, caso os pais tenham realmente a impressão que algo “estranho” está acontecendo com o filho, marcar uma entrevista com o orientador educacional da escola ou com um profissional. Costuma também ser útil tentar fazer com que colegas do filho passem a frequentar a casa, para que os pais possam estar mais próximos do seu mundo.

Há ainda outro fator que pode ser importante: o adolescente em questão está vivendo em um lar “reconstruído”, tendo que lidar com os pais separados e os pais ”adquiridos”.

A adolescência é uma fase importante para o desenvolvimento emocional e sexual que retoma elementos da fase infantil conhecida como Complexo de Édipo (aproximadamente de 3 a 5 anos). Trata-se de uma fase importante em que a criança, agora já adolescente, vive toda a complexidade emocional e sexual de uma triangulação, onde estão em jogo os sentimentos de posse que nutre pela mãe e, ao mesmo tempo, a necessidade de integrar, na sua vida psíquica, a figura paterna, objeto de intensos afetos identificatórios. Se já é difícil equacionar a complexidade de um triângulo amoroso, mais difícil ainda é quando o triângulo se tornou um pentágono.

Um último fator, não menos importante deve também ser levado em conta. O mundo hoje é difícil, tenso, competitivo. O adolescente já vive a pressão desse ambiente intimidador e isso pode leva-lo, como um prelúdio de uma síndrome depressiva, a se fechar totalmente no seu mundo interno, criando uma bolha protetora, a partir da qual passa a lidar onipotentemente com o mundo.

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