Sempre existe a tentação de prender a vida em palavras. Os poetas, os grandes escritores, o fazem com arte. A angústia então os invade, pois as palavras são inadequadas, prendem algo que não pode ser preso. É como segurar um pouco de areia na palma da mão. Ela escorrega entre os dedos. Os vários estilos literários, se alternam em tentativas frustradas de capturar o real. Do Realismo Parnasiano à Arcádia, do Romantismo ao Hermetismo. Da mesma forma pintores e escultores procuram capturar em formas e cores o espetáculo da vida. As mesmas formas, os mesmos sujeitos, sejam eles um rosto, um corpo nu, um animal ou uma paisagem, se transformam na “visão” do artista. Das formas austeras e sem perspectiva da arte bizantina, à exuberância da policromia renascentista e barroca; da compostura da arte clássica, à irreverência da arte moderna. O Moisés de Miguelangelo, traduz a angustiante luta do artista contra a resistência da materialidade da simbolização a traduzir a poderosa vitalidade do mundo interior.
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