A paralisia psíquica

Às vezes desejo tomar uma atitude, dar um basta, mas me sinto impedido pelo medo, até que as coisas tomam outro rumo e eu fico frustrado por não ter feito nada.

A pergunta resume a meu ver uma das experiências mais frustrantes para a mente. Trata-se de uma sensação de paralisia, que impede qualquer tipo de ação, levando a um decepcionante congelamento psíquico. Os sentimentos dominantes são o medo, a angústia e a sensação de impotência.

A paralisia pode ser um efeito temporário diante da duvida sobre a escolha de um caminho para a satisfação de um desejo ou de uma necessidade. Neste caso porém os objetos (isto é pessoas, situações ou coisas) destinados à satisfação do desejo são fortemente investidos e a dúvida é provocada justamente pela dificuldade de escolher entre uma coisa e outra.

 Não creio seja essa a situação à qual se refere o nosso leitor. Trata-se neste caso de uma sensação de hesitação que não é gerada por causa do objeto investido pelo desejo, mas pelo mundo interno da pessoa que inibe o desejo. Trata-se de uma situação de impotência. Se no primeiro caso há um “excesso” de desejo, aqui há uma desistência do desejo. A origem dessa sensação é o mundo interno da pessoa, pois há uma “certeza” de que qualquer movimento resultará em um fracasso.

As síndromes depressivas geralmente são acompanhadas por esse tipo de sensações, que levam a pessoa a se sentir “travada” diante de qualquer situação que exija um posicionamento e uma ação.

Uma pressão ambiental muito intensa, sobretudo nos primeiros meses de vida, leva o psiquismo a se travar. A sensação é que, de antemão, ele está fadado ao fracasso e a não dar conta da exigência que lhe é (supostamente) feita pelo outro.

No caso de uma prevalência de núcleos melancólicos, a sensação é diferente. Há também uma sensação de paralisia e uma desistência do desejo, mas desta vez por causa do objeto investido que se apresenta como sendo inadequado, insuficiente, diante do objeto imaginariamente investido, mas definitivamente perdido. Bebês que não se sentiram suficientemente “erotizados” pela mãe, costumam desenvolver esse núcleo melancólico.

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