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Quando devo ceder?

Não sei até que ponto devo ceder em um relacionamento. Quando abrir mão da minha razão em prol do bem da relação?

Quando devo ceder?

A pergunta me fez lembrar a cena de um filme em que o sogro, após presenciar uma discussão da filha com o marido, pergunta ao genro: “Você quer ser feliz ou ter razão?”. Às vezes ter razão pode nos trazer um magro consolo, pois pode acarretar a perda de algo que amamos e que nos traz felicidade. Neste caso ceder pode ser a melhor opção.

Isto porém não quer dizer que ceder seja sempre a melhor solução. Muito depende do que o “ceder” envolve. Aceitar perder algo para salvar uma relação pode ser destrutivo quando a perda envolve a desistência de si, o não existir na presença do outro.

Toda relação supõe enfrentar algum tipo de frustração, pois nunca o que é investido pelo nosso desejo, neste caso o parceiro, corresponde totalmente às nossas expectativas. Querer que alguém se encaixe e corresponda totalmente às nossas expectativas é mera ilusão e fonte interminável de desgaste. Ninguém se encaixa perfeitamente ao nosso desejo e, neste sentido, nenhuma relação é perfeita.

Uma relação bem-sucedida envolve o encontro de dois sujeitos, que passam a viver uma experiência de realidade compartilhada. O problema surge quando cada um acha que a realidade subjetivamente percebida e concebida é “real”, quando de fato é apenas uma projeção do seu mundo interno sobre o real, uma forma mediante a qual o sujeito simboliza a realidade.

Se isto for levado a sério, é fácil perceber que “o real” sempre nos ultrapassa. Somente o diálogo nos permite apreender diferentes formas de significa-lo a partir de concepções subjetivas diferentes.

Por outro lado, pode acontecer também que a dificuldade sistemática de um dos parceiros de questionar suas “concepções” da realidade torne o convívio impossível. Neste caso o predominar de um “querer” sobre o outro não tardará a manifestar seus efeitos destrutivos para a própria relação, pois o casal deixará de viver uma experiência de realidade compartilhada e passará a viver aprisionado em uma experiência de alucinação compartilhada.

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