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Uma desesperada busca pela verdade

Uma desesperada busca pela verdade

Assim como o filósofo grego Diógenes (IV séc AC) é representado andando pelas ruas com uma lamparina em busca do homem honesto, o homem contemporâneo pode ser representado como quem anda com uma lamparina em busca da verdade. Não é que faltem “verdades”, aliás, o problema é o oposto: sobram verdades. Cada um tem a sua.

Temos exemplos gritantes desse fenômeno no cenário político, religioso, ou no futebol, onde encontramos dedicados defensores desta ou daquela “verdade”, devidamente uniformizados, vestindo uma camisa de determinada cor, alguns deles até dispostos a matar um se for necessário para provar a força dos seus “argumentos”.

Infelizmente isso acontece em todas as instâncias. O casamento é uma delas. Na hora da “separação”, as “verdades” aparecem e, naturalmente, são opostas. A verdade do homem é uma, aquela da mulher é outra. Isto pode acontecer também com os filhos, ou, de forma mais amena, em um churrasco que reúne a família.

Resta perguntar qual é o milagroso adubo que faz crescer tantas verdades. Creio que o principal seja uma pitada de loucura. O louco não tem dúvidas: a única verdade é aquela que criou em sua mente. Contudo, os loucos, na sua sanidade, conseguem perceber a sua solidão diante de suas alucinações e podem até se resignar a viver essa solidão diante das “verdades” que sua mente cria.

O que diferencia os loucos dos que se acreditam sãos e o fato destes últimos não se considerarem doentes em hipótese alguma. Infelizmente a diferença fica por aí, pois, na realidade, o núcleo psicótico que provoca a loucura e a fé cega na “verdade” é o mesmo.

A própria ciência, como mostrei em outro artigo sobre esse tema, hoje deve constatar sua inexorável incapacidade de definir com certeza o que é verdade. Experimentos científicos repetidos, muitas vezes não dão os mesmos resultados. Sem falar da física quântica que trouxe à tona o inusitado comportamento do mundo subatômico que se modifica de acordo com o observador, chegando ás vezes ao vazio total, ali onde deveria ter algo.

O que pode nos salvar da loucura da verdade é transitar nos espaços da realidade compartilhada, podendo nos surpreender com os pontos para ver a verdade dos outros, claro desde que a intenção seja ver a verdade e não apenas defender a “sua” verdade psicoticamente preconcebida.

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