Um aspecto que caracteriza o nosso momento histórico é a dificuldade de defini cenários para o futuro. A pergunta: “Onde você se vê daqui a cinco anos?”, que já foi habitual nas entrevistas de empego e que definia a determinação do candidato e sua capacidade de planejar sua vida, hoje se tornou capciosa.
Um sinal dessa dificuldade de definir cenários para o futuro aparece no plano da cultura tanto nas publicações impressas, quanto na indústria cinematográfica. Sucessos de venda como Sapiens ou Homo Deus (quem os escreveu é Yuval Harari professor de História da universidade de Jerusalém), ou aquele de caráter ainda mais apocalíptico Para completar Clausewitz (Achéver Clausewitz) de René Girard, preconiza um futuro incerto para a humanidade e a possibilidade de sua autoextinção.
Alguns filmes da Netflix como Extinção, Próxima parada Apocalipse, Walking Deads, 2012, Falha de Sto. Antônio, Passageiros, trilham um caminho parecido, todos prevendo um futuro incerto para a humanidade, por causa de guerras, terrorismo em larga escala (a guerra total de René Girard), fenômenos naturais catastróficos, manipulações genéticas, inteligências artificial, ou necessidade de abandonar o planeta, como previu o famoso astrofísico Stephen Hawking.
Paulo Feldman, em um artigo rerecentemente publicado, fala das consequências desastrosas que a robotização, a inteligência artificial e a Revolução Eletrônica (termo cunhado em contraposição à Revolução Industrial do século XIX) de forma geral poderão causar sobre a economia e o desemprego.
As reações da mente humana diante deste cenário perturbador podem ser variadas. Talvez possamos dizer que a angústia seja a mais “normal” (um amigo meu diz que estar deprimido é sinal de saúde), embora não menos incômoda. Mas há outras reações psíquicas bastante comuns: fuga maníaca, fechamento narcísico exacerbado, desenvolvimento de quadros paranoides e persecutórios (o que de certa forma explica o fortalecimento de correntes de pensamento radicais de direita). Raros são os casos onde a sensação de caos e de crise levam a tentar o caminho da criatividade. No entanto esse é o caminho mais saudável e o único destinado a buscar mudanças de padrões de vida no plano individual e social capazes de fazer frente às consequências inevitáveis desse cenário que já se esboça no horizonte.