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Tristeza e depressão

Como diferenciar um momento de tristeza grande de um quadro depressivo? Esses dois fatores estão realmente ligados um ao outro? (Anônimo)

A tristeza foi banida: tornou-se sinônimo de chatice e de inadequação. Isto nos obriga a viver nossas tristezas fechados no banheiro da empresa, ou chorando em silêncio embaixo dos lençóis. A tendência é considerar os estados de tristeza como “doença”, o que leva uma fatia considerável da população a recorrer ao uso continuado de antidepressivos.

Se tudo isso convoca a tirar a tristeza de nossas vidas para encenar a felicidade dos bem-sucedidos, me pergunto como assistir ao noticiário, ler o jornal ou testemunhar cenas lamentáveis do dia-a-dia nos mais variados ambientes sem sentir tristeza. A Bíblia, que, mesmo para os ateus, pode ser considerada um repositório milenar de experiências da humanidade, constata que a tristeza dos cenários humanos chega a contaminar os céus: Deus se arrepende de ter criado o homem.

A tristeza faz parte da experiência humana, que os filósofos existencialistas consideravam pautada pela angústia. O ser humano, marcado pela impossibilidade de atingir a satisfação plena do seu desejo, é fadado a experimentar a falta e a angústia. Podemos tentar nos afastar dessa condição essencial do humano, mas nunca chegaremos a fugir dela. Vamos portanto admitir a possibilidade da tristeza, antes mesmo de falar em depressão.

A depressão contudo existe. Ela é um estado patológico, marcado por uma radical sensação de impotência e de paralisia, que leva a desistir do desejo e da vida. Conviver com a depressão é doloroso, tanto para o depressivo como para quem com ele convive.

Além da depressão, há outra patologia que leva a oscilações entre estados maníacos de euforia e a depressão, com uma intensidade variável. Trata-se da melancolia. Freud definia o estado melancólico como um “viver à sombra do objeto perdido”, pois é exatamente este o sentimento do melancólico, cuja existência é pautada pela falta, marcada por uma radical percepção da impossibilidade de conseguir um “objeto” que possa preenchê-la.

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