Transtorno de atenção e hiperatividade (DDAH)

Transtorno de atenção e hiperatividade (DDAH)
Gostaria de saber como devo agir com a desconcentração de crianças e mesmo

de adultos. Existe algum tipo de exercício que eu possa trabalhar com uma

criança de 12 anos e também com adultos? Maria do Carmo, Guaratinguetá (SP).

 

De maneira geral, podemos dizer que o ser humano somente faz bem aquilo que ele faz com prazer ou por necessidade imperiosa (algo que é sentido pelo inc,onsciente como necessário à sua subsistência psíquica ou física, ou à subsistência de alguém que ele ama).

A “desconcentração” pode ser devida de forma genérica à falta de motivação para determinadas tarefas que são percebidas pela mente como não “prazerosas” ou não “necessárias”.

Naturalmente, nem sempre tarefas que conscientemente são consideradas necessárias, são assumidas como tais pelo inconsciente. Neste caso, apesar de todos os esforços que a pessoa faz, mecanismos inconscientes impedem que ela consiga se fixar naquilo que pretende fazer.

Portanto, a primeira pergunta que devemos nos pôr diante da falta de concentração e de atenção é se quem faz determinada coisa quer realmente fazê-la, se está motivado.

A falta de concentração para determinadas tarefas, contudo, pode ser também devida a um “ataque” inconsciente à própria tarefa ou a quem a propõe ou até a si mesmo (auto-sabotagem).

Se os distúrbios que envolvem a atenção são mais generalizados e constantes (não limitados apenas a algumas tarefas), podemos estar na presença do Transtorno de Atenção e Hiperatividade o TDAH, que afeta entre 3,5% e 5,8% da população mundial (cf. o artigo publicado nesta coluna sobre criança hiperativa).

A “atenção” é comandada em nossa mente por dois sistemas neurais envolvendo o hemisfério esquerdo  do cérebro (atenção anterior) e o hemisfério direito (atenção posterior).

O primeiro sistema nos ajuda a focar a atenção em determinada tarefa; o segundo faz com que a atenção mantenha um controle geral sobre o contexto para eventualmente responder a estímulos que exijam a mudança de prioridade (algum estímulo que exige mais atenção do que aquilo que estamos fazendo).

As informações dos dois sistemas neurais convergem  no chamado “verme do cérebro” para, uma vez integradas, serem encaminhadas para a região pré-frontal onde se processa a seleção da resposta a ser dada.

Os sintomas da TDAH costumam se revelar na infância ou na adolescência, mas podem permanecer na idade adulta. Os portadores da síndrome estudados apresentam alterações cerebrais pré-frontais e também assimetria estruturais entre o hemisfério esquerdo e direito. Isto parece apontar para uma base fisiopatológica da síndrome.

Quando há suspeita de TDAH, é bom consultar um psiquiatra, pois provavelmente será necessário o recurso à medicação para corrigir o funcionamento cerebral.

A terapia cognitivo-comportamental também pode ser indicada, como complemento do tratamento psiquiátrico. A psicoterapia pode também ser necessária para ajudar a auto-estima desses pacientes, freqüentemente prejudicados  pelas constantes recriminações diante de seu comportamento percebido pelos outros como inadequado e “preguiçoso”.

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