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Quanto ao mais importante, sabemos muito pouco

Quanto ao mais importante, sabemos muito pouco

Estava assistindo ontem a um documentário sobre a Origem do Universo, focado em particular sobre a teoria de Stephen Hawking, um dos estudiosos mais destacados na área. Publicada em seu novo livro O grande projeto, a sua tese se baseia na chamada Teoria Total (Teoria-M), uma tentativa de associar os conhecimentos da Mecânica Quântica e da Teoria da Relatividade. A genial teoria de Einstein sobre a relatividade sozinha não dá conta dos fenômenos que acontecem no Universo. Embora seja útil para entender a sua expansão, não consegue explicar o Big Bang, ou seja, o momento que senha o início do Universo e outros fenômenos descobertos mais recentemente.



A surpresa é que no mundo das partículas subatômicas o comportamento é caótico, impossibilitando a previsibilidade e portanto o estabelecimento de leis fixas como pretende a física tradicional que estudamos na escola. A física quântica aponta para uma matéria feita de partículas que a partir de um estado de vácuo se produzem e se movimentam de forma caótica, aparecendo e desaparecendo aleatoriamente.

A teoria de Hawking tenta juntar visões opostas e contraditórias. Enquanto a Teoria da Relatividade se baseia sobre uma ordem que ainda é explicada a partir da física tradicional, na qual existem leis fixas e previsíveis, a Física Quântica se baseia no estudo do complexo mundo das partículas subatômicas, ou seja, no estudo da estrutura mais elementar da matéria, a que está por trás de tudo.

A matéria que é percebida pela nossa mente como sendo consistente e fixa, é na realidade um vácuo no qual se produzem partículas instáveis em contínuo movimento. Mas isso não diz respeito apenas à matéria e à origem do Universo que habitamos. Se olharmos para o nosso destino último, a morte, também nos deparamos com um grande mistério. O que vai ser de nós a partir do momento em que o nosso cérebro para de funcionar? Sabemos que existem diversas crenças, algumas de caráter religioso, outras de caráter filosófico, algumas com a pretensão de serem científicas. A verdade é que não sabemos nada de certo. Nem sabemos ao certo se ainda haverá um eu após a morte. Daí o seu caráter assustador.

Os mistérios não são menos desafiadores se olharmos para o nosso cérebro, que regula as funções básicas do nosso corpo e preside à atividade sensorial e emocional, a partir da qual se origina o pensamento e, consequentemente, a fala. Sabemos ainda muito pouco sobre o funcionamento do cérebro, apesar das afirmações bombásticas de alguns neurocientistas.

Apesar disso tudo, somos convencidos que temos o controle sobre a nossa vida e o mundo que nos rodeia. Frases como “Aprenda a dirigir sua vida e seus pensamentos”, ou então: “Vamos salvar o planeta”, ilustram claramente a nossa ilusão de controle onipotente.

O mistério nos rodeia por todo lado, mas a nossa mente produz visões distorcidas e reducionistas da realidade, para fugir da angústia do “não saber”, do imprevisível e da sensação do caos.

Tudo isso soa bastante assustador, mas é extremamente real. Não deveria portanto nos supreender o medo da morte e a sensação de estarmos a mercê de forças sobre as quais temos apenas pálidas tentativas de explicação. O que deveria mudar, uma vez que nos tornamos conscientes disso tudo, é a nossa atitude diante das coisas e dos outros.

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