Pais que superprotegem os filhos

Filhos superprotegidos podem ter sexualidade interferida?

A superproteção pode ser o resultado de problemas não resolvidos do pai ou da mãe em relação à sua função paterna e materna, ou, em alguns casos, a problemas mais complexos do seu desenvolvimento psíquico.

A tendência a superproteger o filho está se tornando cada vez mais comum. Paradoxalmente a superproteção pode ser uma reação inconsciente à crescente ausência dos pais na vida dos filhos. Tomados pelo trabalho ou simplesmente pelo desejo de não abrir mão de suas vidas com a dedicação que á criação dos filhos exige, muitos pais acabam passando cada vez menos tempo com o filho. Os filhos acabam assim sendo terceirizados para a escola ou, quando menores, para a babá, aliviando os pais do ônus do cuidado no dia-a-dia.

 Isto não impede que pais muito presentes na vida dos filhos também tenham problemas. A superproteção pode de fato ser uma atitude que brota da maneira como o inconsciente se posiciona diante do outro de maneira geral.

Em ambos os casos, culpa e fragilização do outro são processos inconscientes que impedem que os pais consigam dar a seus filhos a autonomia de que eles precisam para se desenvolver saudavelmente.

A culpa traz como consequência a necessidade de um desgastante cuidado ansioso: uma forma de reparar e de se autopunir quando o inconsciente alimenta esse sentimento a partir de uma situação real ou imaginária.

A fragilização do outro também tem origem no inconsciente que tende a perceber o outro como extremamente frágil, incapaz de suportar qualquer tipo de frustração (um não, por exemplo). Se a culpa gera um cuidado ansioso, geralmente intrusivo, a fragilização gera um cuidado que leva a uma identificação fusionai com o outro, que impede a possibilidade de se “separar” psiquicamente dele e portanto de impor limites e estimular a sua autonomia e autorizá-lo a existir por si só.

Estamos assistindo ao nascer de uma geração de crianças mimadas e pouco preparadas a enfrentar a vida, apesar de todos os estímulos a que são submetidas para torná-las “competitivas” e prontas para assumir o seu lugar no cortejo dos bem-sucedidos.

O fortalecimento interno do Self infelizmente não passa por academias, escolas caras, cursos diversos e viagens ao exterior. Tudo isso pode ajudar, mas não é suficiente para lidar com um eu enfraquecido.

Do ponto de vista sexual, obviamente, o enfraquecimento do eu também pode gerar problemas. Os jovens podem se sentir “impotentes” diante das solicitações sexuais dos círculos que frequentam (por exemplo, sentindo que não são bons “pegadores”), e as jovens se sentindo obrigadas a um desempenho sexual “liberado” e desinibido além dos seus limites emocionais.

Tomar a iniciativa na vida amorosa pode se tornar para esses jovens igualmente difícil, pois isto supõe ter exercido a própria autonomia durante todo o processo de desenvolvimento emocional, desde a infância até a adolescência. Parece, nesse sentido, não ser casual que os jovens costumem associar a um massivo consumo de álcool e estimulantes os momentos em que se sentem “desafiados’” para um desempenho emocional e sexual mais comprometedor, como em uma balada por exemplo.

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