A separação se tornou um fenômeno bastante comum na maioria dos países do hemisfério ocidental, chegando a representar quase 50% dos matrimônios celebrados em alguns deles, A própria Igreja Católica que tradicionalmente mantinha em relação a esse tema uma posição rígida se viu obrigada a rediscutir suas práticas pastorais no último Sínodo convocado pelo Papa Francisco, causando bastante polêmica nos setores mais conservadores.
O casamento está de fato enfrentando uma crise, obrigando os que se casam a reinventá-lo, para que ele possa sobreviver aos desafios apresentados pelas mudanças da sociedade contemporânea. Algumas são bem conhecidas: mudanças das relações de gênero, inserção cada vez mais profunda da mulher no mundo do trabalho, exigências da sociedade de consumo, mudanças na compreensão dos papeis masculinos e femininos que, no entanto, não resultaram ainda na solidificação de novos modelos. Tudo isso sem contar o casamento encarado como um mero “produto” de consumo, no qual os jovens investem energias e consideráveis quantidades de dinheiro, dispostos porém a “trocá-lo” com bastante facilidade para um “produto” novo.
As dificuldades que o casal enfrenta para conduzir o seu casamento, embora sejam absolutamente previsíveis, ameaçam a sua estabilidade, sobretudo quando o casamento é encarado como algo que vem pronto e que apenas deve ser “mantido”. Na realidade, o casal moderno é desafiado à “construir” e “reinventar” o seu casamento no dia-a-dia, sem poder recorrer a sólidos modelos pré-construídos.
O cansaço da rotina diária, os compromissos cada vez mais exigentes da vida profissional e a facilidade com a qual as pessoas hoje podem se relacionar virtualmente e no trabalho com sempre novos parceiros, ameaçam de fato a estabilidade dos vínculos amorosos.
Uma pergunta surge então para a maioria dos casais diante das primeiras dificuldades: “Vale a pena manter este casamento”? A resposta não é nunca fácil e seja qual for o seu desfecho sempre envolve algum tipo de sofrimento para o casal e para os filhos. Este é um fato frequentemente esquecido. Mesmo quando há um consenso sobre a necessidade da separação isto não significa que ela seja fácil. Da mesma forma, não é fácil a reconstrução de um lar no segundo ou terceiro casamento. As histórias anteriores do casal não podem ser “apagadas”. Elas irão pesar sobre os novos vínculos e deverão ser devidamente “processadas” sem ilusões. Naturalmente isso é ainda mais difícil quando um dos parceiro já tem filhos, cuja inclusão na nova relação srá fundamental para o seu sucesso.