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Manifestações, Movimentos Sociais e Redes Sociais

Manifestações, Movimentos Sociais e Redes Sociais

Um ano atrás, escrevi um artigo comentando as primeiras manifestações de massa convocadas pelas Redes Sociais (cf. Manifestantes em busca de uma causa). O que caracterizou o início do movimento popular foi uma forma de apartidarismo, uma espécie de agnosticismo político, baseado na constatação que nenhum setor institucionalizado da sociedade (congresso, câmaras municipais, partidos e governo em suas diferentes instâncias) de fato representa os interesses dos cidadãos.

Como o artigo previa, as manifestações acabaram adquirindo um caráter cada vez mais violento, mas essa não foi a única transformação do movimento. Um ano depois, os Movimentos Sociais tomaram conta das ruas, substituindo a massa popular, que se afastou diante dos crescentes atos de vandalismo e de depredação que deram às manifestações um caráter cada vez mais violento e arbitrário.

 Greves e manifestações, caracterizadas pelo total desrespeito do cidadão comum (que não carrega a bandeira de um Movimento Social ou a carteirinha de um sindicato), pararam cidades inteiras e, em alguns casos, provocaram episódios de caos social ainda mais perigosos, culminando nos saques de Recife e criando um estado de tensão que pode facilmente desaguar em situações de violência indiscriminada..

O que é questionável é a representatividade de tais “movimentos”. Quem de fato eles representam? Quais interesses? Quem os empossou? Quais são suas garantias de legitimidade?

O que fica claro no cenário atual é que os Movimentos Sociais não representam e não podem representar os interesses da grande maioria da população que desfilou indignada pelas ruas das capitais brasileiras e sim interesses específicos de parcelas específicas da sociedade. A massa popular anônima não tem por enquanto caminhos estruturados de expressão, já que os caminhos institucionais estão sendo questionados justamente por sua falta de representatividade. É a crise da democracia que se manifesta no Brasil bem como em outros países.

Talvez o futuro possa ser vislumbrado de forma embrionária na própria origem das manifestações de massa, as Redes Sociais. Creio que não seja utópico pensar que a Redes Sociais venham a representar daqui a algum tempo o futuro da democracia, abrindo caminho para consultas populares online e uma participação popular massiva nas decisões que envolvem o bem comum (o filósofo francês Pierre Levy foi o precursor de uma linha de pensamento que vai nessa direção).

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