Quando a relação aprisiona

Estou em um relacionamento de dois anos, porém apesar de amar meu namorado, há uma sensação de uma relação que me aprisiona, de querer ter meus momentos de individualidade de volta. A questão é que fico perdida nos pensamentos não sei bem qual decisão tomar.

 

Passado o encantamento inicial da fase do apaixonamento, o casal entra em uma nova etapa. Neste momento, a maneira como a relação é percebida sofre uma mudança. Isto é absolutamente normal.

Embora do ponto de vista emocional este momento seja normalmente vivido com uma sensação de perda, na realidade o que se afrouxou é a neurose da paixão, que movimentava uma quantidade muito alta de energia mental, conferindo à relação uma sensação de grande intensidade.

Aos poucos este tempo muda para cada casal– a realidade ganha terreno e a figura idealizada (e portanto imaginária) do(a) amado(a), fortemente investida pelo mundo interno do(a) amante, cede lugar a uma percepção mais próxima da realidade, que permite ver os lados bons, mas também os defeitos do(a) parceiro(a). A atração fortemente dominada pelos instintos do mundo inconsciente se transforma em afeto, dando lugar a sentimentos mais calmos e menos intensos, porque menos carregados de energia psíquica.

 Sem a cegueira causada pela energia arrebatadora da paixão e da libido, para determinados tipos de psiquismo se abre caminho uma sensação de aprisionamento na relação. Estou falando de determinados tipos de psiquismo, pois este sentimento está relacionado à forma como as relações primitivas de cada um se ajustaram na memória inconsciente.

Para algumas pessoas o relacionamento inevitavelmente remete a uma sensação de sufocamento, pois é assim que as relações primitivas foram apropriadas pelo inconsciente. O problema é que, neste caso, geralmente mudar de parceiro, não muda a sensação de aprisionamento.

Por outro lado, isto não impede que à própria estrutura psíquica de quem está envolvido em uma relação amorosa “busque”, sem perceber (inconscientemente), uma certa submissão ao outro que inevitavelmente se transforma em uma sensação de asfixia. Esta sensação pode se tornar tão forte que, quanto mais for negada conscientemente, tende a se manifestar no desenvolvimento de sintomas como fobias e síndrome do pânico.

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