O chamado da selva

A situação mundial e nacional vai se mostrando cada vez mais difícil. No plano nacional estamos assistindo a uma grave crise política, social e econômica. No plano internacional se perfilam ao longe as vítimas da guerra, filas de Imigrantes invadindo uma Europa já enfraquecida por suas próprias crises internas, as incertezas da posição russa, as ameaças do ditador coreano às quais fazem eco os excessos radicais do candidato à presidência americano, Trump, que, embora possa não ganhar, representa um segmento do pensamento da nação.

Percebe-se ao longe surgir o que poderíamos metaforicamente chamar de “chamado da selva”. A proximidade da vida selvagem, onde prevalece a lei do mais forte, pode despertar a fera que nos habita, ou então o medo, que nos leva a procurar nossa toca, para nos proteger nela, seja ela o nosso “condomínio” (para usar uma expressão do psicanalista Christian Dunker), ou mesmo um isolamento narcísico, que nos deixa às portas da depressão mais profunda.

É o que se delineia em períodos de crise: todas essas reações são possíveis e portanto não podemos deixar de admitir a sua possibilidade tanto em nós, como nos outros. Para amenizar o quadro, poderíamos pensar na reação ao perigo que alguns animais mais gregários ensejam, formando um círculo para proteger suas fêmeas e filhotes dos predadores que se aproximam. Isto também é possível, mas o cenário permanece de luta, bem longe da ilusão de segurança e de bem-estar que estávamos acostumados a perseguir.

Embora minha leitura possa parecer pessimista, não estou falando de “previsões” e sim de “situações” que já se apresentam à nossa porta e que nos chamam a olhar para a realidade. A minha referência à vida animal da selva pode incomodar, mas não podemos esquecer que o nosso inconsciente é calcado na vida instintiva e, portanto, seus sentimentos costumam ser primitivos.

Não somos “animais”, podem afirmar os mais otimistas. Oxalá o fôssemos, comentam alguns que veem mais humanidade nos animais que nos seres humanos. O fato é que cada um de nós lida com o seu inconsciente e com o poder que ele exerce sobre a nossa mente, apesar dos nossos esforços para sermos mais civilizados.

Creio que aprender a lidar com o chamado da selva seja o desafio que nos espera em curto prazo. Saber disso pode nos ajudar a enfrentar com maior consciência os desafios que a realidade nos apresenta.

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