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Pais e Filhos

Como me preparar para ser uma boa mãe?

Estou grávida de uma menina. Minha gestação já passou dos 7 meses. Quanto mais se aproxima o dia do parto, mais vou ficando preocupada com a forma como vou educar minha primeira filha. O que a psicologia pode oferecer de ajuda para uma mulher que será mãe pela primeira vez? Há algo que ainda posso aprender ou vou aprendendo a ser mãe conforme a passagem dos dias com minha filha já nascida? Muito obrigada! – M. A. D. (Bahia)

Não fique preocupada! Confie na sua intuição, ela irá guiá-la! A mãe está naturalmente preparada para cuidar do seu bebê. A relação que se estabelece com ele, apesar de ser extremamente sofisticada do ponto de vista psicológico, será tanto melhor quanto menos ela se preocupar e ficar ansiosa. Existe uma comunicação natural entre a mãe e o seu bebê. Esta comunicação torna-se cada vez mais profunda na medida em que o tempo passa, permitindo à mãe perceber imediatamente as necessidades reais do bebê.  O que ela precisa é de um ambiente favorável que lhe permita uma dedicação plena ao seu bebê. Poderíamos falar em “devoção”. Uma função importante do pai (ou de quem o substitui) é garantir esse ambiente, criando, por assim dizer, um ninho, onde a mãe e o bebê não sejam incomodados por “invasões” e agressões excessivas por parte do mundo externo. Sua presença solícita, afetuosa e atenta, poderá ajudar a mãe a ter mais calma e a evitar exageros nos cuidados e uma ansiedade excessiva.

É importante ressaltar que o bebê, apesar de aparentar uma extrema fragilidade, não é tão frágil assim como parece. Ele é dependente, é verdade, mas não é frágil. Winnicott dizia que uma mãe deve ser suficientemente boa. Isto quer dizer que não é necessário que ela seja perfeita. O bebê pode tolerar pequenas falhas por parte do ambiente e em particular da mãe. Ele mesmo se preocupará em comunicar essas falhas à mãe chorando ou apresentando algum comportamento “anormal”. O importante é que as falhas não se prolonguem por muito tempo e que não sejam constantes.

Quem garante ao bebê o seu senso de continuidade no tempo é a mãe. Portanto uma certa constância é importante.  Aos poucos assim o bebê que chora pode perceber que é o mesmo bebê que ri um minuto depois. A mãe também transmite ao bebê a sensação de habitar um corpo. Isto torna muito importante o “manuseio” do bebê por parte da mãe  quando o segura, pega no colo, abraça, massageia seu corpo, troca as fraldas, dá o peito, etc. Através desses cuidados afetuosos básicos o bebê percebe que tem um corpo e que o habita.

O bebê se espelha no rosto da mãe. Se o rosto da mãe refletir afeto, amor, calma, acolhimento, serenidade, o bebê passa a sentir a si mesmo dessa maneira. Se o rosto da mãe refletir preocupação, ansiedade, medo, dor, raiva, o bebê sentirá que tem algo errado com ele e isto vai influenciar a maneira como ele irá sentir a si mesmo no futuro. Neste sentido é importante que a mãe se preserve,  procurando evitar situações que possam causar ansiedade ou depressão.

E para concluir uma palavra sobre a importante experiência da onipotência por parte do bebê. Esta é a fase de formação do psiquismo em que deve nos ser permitido “alucinar”. O bebê, ao entrar em contato com suas necessidades (fome, frio, sensação de cair, calor, incômodo causado quando está molhado, luz demasiadamente intensa, barulhos escessivos, etc.), “alucina” algo (sem contornos definidos) que irá satisfazer essas necessidades. Esse algo é um “objeto” que ele não percebe ainda como sendo externo, é um objeto “subjetivo”, que faz parte dele mesmo. Aqui entra a mãe, que, ao perceber a necessidade do bebê, e somente quando o bebê manifestar essa necessidade (tendo portanto cuidado em não confundir uma necessidade dela com aquela do bebê), oferece algo que o bebê havia previamente alucinado (seio, calor, pegar no colo, vestir uma roupa menos quente, trocar a fralda, escurecer o quarto, afastar a fonte de ruídos, etc.). A bebê tem portanto a impressão que o seu desejo “criou” algo que responde às suas necessidades. Ele se sente portanto “onipotente”, pois ainda não percebe a mãe como separada dele. Esta experiência é fundamental para a auto-estima e para que ele possa habitar futuramente o seu lugar no mundo.

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