Guerra dos sexos?

Faz sentido falar em guerra dos sexos?

 

As relações de forma geral não são fáceis Em um mundo marcado pela “correria” e pela competição, a aproximação entre seres humanos é apressada e desconfiada, gerando um sentimento de “superficialidade”. A maioria das pessoas tende a sentir a sua existência como “descartável” e provisória. Tudo hoje pode ser facilmente substituído por algo supostamente mais novo e eficiente. Os seres humanos sentem-se inexoravelmente incluídos nessa lógica de mercado.

Quando falamos das relações entre homens e mulheres, sobretudo no que diz respeito às relações amorosas, o cenário é ainda mais complexo, O primeiro elemento complicado consiste no fato que quem se lança a viver a experiência amorosa já tem definido na sua mente o “tipo” de homem ou de mulher que está procurando. Trata-se de modelos em parte conscientes e em parte inconscientes nos quais a nossa mente se baseia para definir qual é “o tipo” ideal. A escolha do parceiro(a) segue rigorosamente essa projeção mental.

A fase do enamoramento geralmente é marcada por esse tipo de projeções. “Eureca, encontrei o homem (a mulher) da minha vida!”. Esta feliz descoberta está estampada no rosto radiante do(a) felizardo(a) e desperta a inveja dos(as) amigos(as) que ainda não tiveram essa sorte.

É inevitável contudo que, com o passar do tempo, as coisas tendam a mudar. O príncipe pode virar sapo e a princesa a bruxa malvada. A relação que fluía prazerosamente, cheia de encantamento, se torna mais áspera e desencantada. O que aconteceu?

Vamos começar com a mulher. Ela busca se apropriar de sua feminilidade, e com isso reforçar a sua autoestima narcísica, mediante a apropriação de um “falo”. O falo é o representante simbólico da potência masculina, diante da qual a mulher se sente “em falta”. Esta experiência se inicia muito cedo, desde o nascimento (ao se perceber objeto do amor da mãe), mas se intensifica durante a fase edípica (em torno dos 4 anos), na qual a menina percebe que é diferente dos homens e busca conseguir o seu lugar no mundo, disputando o amor do pai, sem perder o amor da mãe. É fácil perceber nas meninas dessa idade a “competição” com a mãe, para chamar a atenção do pai, A apropriação de um falo e a superação do senso de falta, são portanto elementos constitutivos do feminino.

O resultado dessa “falha” estrutural da mulher é a busca de uma forma de se apropriar do falo (aspecto simbólico da potência dos aspectos masculinos, que garante a capacidade de “penetrar” o mundo e dar sentido à existência, criando algo novo e específico). Vamos ver como isso acontece.

Para algumas mulheres, sobretudo hoje em dia em que a mulher conquistou um lugar cada vez mais expressivo na vida social e profissional (uma mulher é presidente do nosso País), a busca do falo se concretiza no sucesso profissional e na conquista de um lugar no mundo, competindo de par a par com os homens.

Para outras, embora possa não faltar o primeiro aspecto, prevalece a procura de um homem, à sombra de cuja potência fálica (real ou imaginária) elas se sentem valorizadas, cuidadas e protegidas.

Finalmente é no filho que a mulher se apropria plenamente de sua feminilidade e de sua potência. Isto explica também por que, em alguns casos, algumas mulheres procuram desde o início um “filho” com quem se casar, escolhendo homens fracos e inconsistentes, bastante desprovidos de aspectos fálicos.

Embora a mulher seja bastante “fálica” no seu dia-a-dia, atuando profissionalmente e garantindo muitas vezes o sustento do lar, há um aspecto fundamental que garante o andamento  harmonioso de sua vida amorosa. Ela quer se sentir “a mulher”, a única.

Se o homem descuidar desse aspecto e a fizer sentir apenas mais uma entre outras (não estou me referindo necessariamente à “traição”) a vida amorosa entra em crise, pois a mulher começa a revidar com agressividade, muitas vezes tentando “castrar” o marido.

E o homem como fica nessa história? Ele nasce com um pênis, mas isso não garante a posse de um “falo”, pois este é conquistado no plano simbólico na relação com o pai e com o mundo. Ele também procura sua realização narcísica na aprovação da mulher, começando com a primeira mulher de sua vida, a mãe. No embate com o pai, ele aprende porém que sua potência fálica é “barrada” pela realidade e pelos outros.

Será no encontro com uma mulher que ele tentará superar essa falha básica (a sua castração). A primeira superação que garante uma reposição da autoestima narcísica frustrada pelos embates com o mundo é a conquista de uma mulher, situação que pode talvez reencenar infinitas vezes durante a vida, se sua autoestima for baixa, tentando conquistar o maior número possível de mulheres..

Na sua mulher ele buscará constantemente esse “reforço” narcísico, lutando pela sua admiração. No entanto, se a mulher disputar com ele a posse de um falo (por exemplo, competindo profissionalmente com ele ou querendo “mandar” em tudo e frustrando sua iniciativa), acabará por afastá-lo, induzindo-o provavelmente a procurar em outra mulher essa admiração.{jcomments on}

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