A bolha institucional: ditadura da perversão…

Quando Freud descreveu as síndromes ligadas à perversão, chegou à conclusão que elas poderiam ser classificadas em um lugar intermediário entre a neurose e a psicose. É o que podemos constatar diante do comportamento perverso da maioria dos nossos políticos, de alguns empresários e de membros da magistratura. Para qualquer pessoa de bom senso fica bastante claro o afastamento da realidade dos que supostamente deveriam estar representando os interesses da nação. A política, a gestão de negócios bilionários e, às vezes, o próprio exercício do direito se tornaram práticas narcísicas, voltadas a garantir os interesses e a sobrevivência de uma bolha institucional, que parece flutuar no nada, totalmente desconectada do país que supostamente deveria representar e da realidade que deveria nortear suas decisões.

Tudo isso parece indicar que estamos diante de um fenômeno altamente perigoso. Seria como entregar a direção de um internato de crianças à gestão de um pedófilo. Trata-se de uma tragédia anunciada. Fica extremamente difícil fazer previsões sobre um futuro que se anuncia bastante sombrio.

Nos capítulos finais do seu livro Babel, Zygmund Bauman questiona se a esperança pode ser depositada na suposta democratização promovida pela Internet. Ele discorda do otimismo dos que defendem essa tese. A Internet aliás, ele alerta, pode se tornar um poderoso instrumento de controle social, como demonstraram as crescentes denúncias de uso dos Big Data da Internet para controlar os cidadãos dos diferentes países. Ninguém escapa desse perigo. As redes de socialização do conhecimento e de participação política anunciadas nos anos 90 pelo filósofo francês Pierre Levy, não vingaram no sentido por ele sonhado na sua teoria sobre as Árvores do Conhecimento.

No best-seller Sapiens, o historiador de Oxford Yuval Noah Harari, prevê o fim da espécie Homo Sapiens, que seria substituída pelo Homo Científicus, um misto de humano com biotecnologia, garantindo assim alcançar o sonho da imortalidade. O astrônomo Stephen Hawking, por sua vez, achava que a humanidade deveria investir mais na perspectiva de explorar o universo e se abrir sobre novas fronteiras cósmicas, deixando subentendido que não nos resta mais muito tempo aqui no planeta Terra. Outros, mais moderados, apenas preveem um colapso do capitalismo como ele se apresenta hoje e a volta a padrões de existência mais simples, mais ecológicos, menos dominados pelo consumismo. Vale a pena notar que um fenômeno parecido já aconteceu com a implosão do poderoso império romano e o início da Idade Média.

Enfim, é muito difícil prever qualquer futuro, mas todas essas previsões estão de alguma forma prevendo um colapso, que o comportamento “festivo” dos nossos políticos de alguma forma prenuncia. Diante desse cenário apocalíptico, o que nos resta fazer? Creio que a atenção para os pequenos cenários que compõem o nosso dia-a-dia nos permite acessar a realidade e nos relacionar com os desafios que ela apresenta, na busca de um equilíbrio psíquico que inclua o outro na nossa vida.

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