Tudo hoje parece acontecer com extrema rapidez. Situações que antigamente se prolongavam por dias ou meses, hoje se resolvem em questão de horas, ou até de minutos, imprimindo às nossas vidas um ritmo alucinado. É bastante comum hoje que as pessoas, tomadas por certa vertigem, constatarem que o tempo passa rápido demais.
O “encurtamento” do tempo é apenas um dos fenômenos que nos remetem a um sintoma bastante conhecido do homem e da mulher contemporâneos, a ansiedade.
Trata-se de um sentimento que normalmente tem um reflexo somático perceptível. A respiração fica ofegante, um aperto parece oprimir o peito, o estomago é afetado, uma sensação geral de opressão parece tomar conta do corpo. Aumento da pressão sanguínea e interferência no funcionamento hormonal são consequências menos perceptíveis, mas não por isso menos incômodas.
Podemos descrever a ansiedade como um estado de alerta que toma conta de nossa psique. É como se uma luz vermelha se acendesse ou uma sirene começasse a tocar. De forma geral a ansiedade acompanha um sentimento de perigo difuso, não identificável.
Quem aprendeu a estar mais em contato consigo mesmo, consegue identificar as situações que costumam “disparar” esses sintomas anunciando uma crise de ansiedade. Para quem é menos acostumado a “escutar” seu psiquismo, a ansiedade só é percebida quando já se instalou, atingindo níveis mais altos.
Nem sempre contudo é fácil perceber o que “dispara” em nós o processo ansioso. Às vezes a sensação é que a ansiedade faz parte de nós, tornou-se um estado normal do espírito. Neste caso, obviamente, é mais difícil identificar a sua origem e desarmar sua intensidade.
Conectar um estado específico da psique à ansiedade seria redutivo, pois ela acompanha na realidade os mais diferentes estados psíquicos de caráter angustiante. Tomando como referência geral o fato que ela representa um estado de medo diante de um perigo percebido como iminente, podemos ter uma ideia geral de que ela é um sistema defensivo do psiquismo que visa “alertar” diante di situações que a nossa mente percebe como opressivas e “perigosas”.
Naturalmente estamos falando de processos que não são conscientes, e sim inconscientes e portanto de difícil identificação. As angústias ligadas ao funcionamento psíquico podem ser em alguns casos identificadas, mas em outros casos são mais sorrateiras e não podem ser associadas a uma representação consciente. Tudo isso torna mais difícil lidar com a ansiedade.
O trabalho analítico da terapia visa justamente “desvendar” os processos psíquicos internos que dão origem à ansiedade, mas muitos preferem recorrer à solução mais imediata e aparentemente eficaz dos antiansiolíticos. Dependendo dos níveis de ansiedade a medicação pode ser necessária, mas obviamente não garante que o processo ansioso seja desativado, apenas permite mantê-lo sob controle.
Vale a pena lembrar que, de acordo com uma determinada corrente filosófica, o existencialismo, a angústia é parte integrante da existência humana. Lidar com a ansiedade dela decorrente é portanto um desafio que permanece constante em nossas vidas.