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A busca pelo sucesso

Gosto do campo, paz, tranquilidade, mas percebo uma pressão da minha família para que eu vá para grandes centros ser um homem de sucesso. Sou acusado de ser acomodado. Eu sou feliz assim, será que sou mesmo um acomodado ou busco outro tipo de “sucesso” na vida que foge à vontade dos outros. (Anônimo)

De acordo com o dicionário, sucesso é o resultado da ação humana que pode ser bem ou mal sucedida. No entanto existe uma acepção pela qual sucesso é sinônimo de “bom resultado; êxito, triunfo” (Dicionário Houaiss). Mas qual é o parâmetro para medir se o que “sucedeu” é um êxito?

Como costumo repetir nesta coluna, ser bem-sucedido tornou-se um imperativo: Estamos diante de um novo “mandamento”. Aliás, de acordo com a pregação de alguns “pastores”, sejam eles padres, pastores ou rabinos, ser bem-sucedido seria também um sinal da bênção divina: Deus retribui o justo (teologia da remuneração). Evidentemente, não é bem o que o Livro de Jó, que é uma reflexão sobre o problema do mal, parece sugerir. Neste texto da Bíblia de fato a relação entre ser “justo” e ser “bem-sucedido” é questionada, assim como é questionada diante do aparente triunfo da corrupção e da falta de caráter de muitos bem-sucedidos.

É duro para um jovem constatar que se não for bem-sucedido, será automaticamente excluído de determinados “rituais” do consumo. Comprar o carro, o celular, uma viagem de avião, o ingresso de um jogo da copa, ou até casar, tornaram-se objetos do desejo reservados a uma parcela reduzida da população, que luta desesperadamente para não cair na vala comum da “pobreza”. Ao ser excluído do consumo, o jovem experimenta o que significa estar à margem do cortejo dos bem-sucedidos. Nem todos têm a coragem de encarar esse desafio.

Mas tem algo pior: se ele não for bem-sucedido, será automaticamente tachado de ser “acomodado”, mesmo que ele se contente com o seu estado. Aliás, esta é a opinião comum dos que pertencem ao cortejo dos bem-sucedidos quando olham para os que estão à margem do “sucesso”.

Cada um tem o direito de sonhar e de ir atrás do próprio sonho, independentemente dos “desejos” que os outros procuram lhe vender na prateleira dos “sonhos” que toda noite são apresentados nos comerciais de TV ou nas páginas das revistas.

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