A preferência por determinado tipo de filme pode refletir a personalidade e a mente das pessoas?

Podemos dizer, de forma geral, que o que nos chama a atenção fora de nós reflete algo do nosso mundo interno? Não há dúvida de que frequentemente estamos à mercê de um funcionamento psíquico que a Psicanálise chama de “projeção”, mas a questão é definir o que e de que forma isto acontece.

A nossa mente pode projetar fora de si tanto aspectos bons, como aspectos ruins que a habitam. Como explicar o fato de experimentarmos uma simpatia ou uma antipatia inexplicável por alguém que encontramos pela primeira vez? O nosso inconsciente tem uma percepção do outro que vai além da nossa percepção consciente. Se algo nos atrai ou nos incomoda é porque de alguma forma isto foi “reconhecido” pelo nosso inconsciente como familiar. As nossas ligações com o mundo externo estão pautadas nesse curioso funcionamento da mente.

 O que “projetamos” são aspectos do nosso mundo interno afetivamente carregados sob forma de aversão ou de atração. O fato de alguém se ligar, por exemplo, a cenas de violência não quer dizer necessariamente que seja um psicopata. Apenas isso aponta para aspectos inconscientes da sua agressividade, geralmente reprimidos, que são vivenciados projetivamente nas cenas do filme. Da mesma forma pode ser que alguém goste de filmes românticos, mas que, na vida real, ele aparente ser nem um pouco romântico.

Isto mostra que quando algo chama a nossa atenção e nos atrai ou nos incomoda no mundo externo devemos desconfiar tratar-se de algo que é relevante para o nosso mundo interno. A relevância pode vir do fato que se trata de aspectos “reprimidos”, aos quais a nossa consciência não tem acesso, ou então de aspectos que, por alguma razão encontram uma ressonância no nosso Self, refletindo aspectos nem sempre percebidos de nossa verdadeira personalidade.

Prestarmos atenção a esse tipo de ligação positiva ou negativa que estabelecemos com o mundo externo pode nos dar preciosas dicas sobre o nosso mundo interno.