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Subjetividade versus individualismo

Nenhum pensamento é aceito como regra geral nos dias de hoje. Essa Subjetividade da vida não põe em risco uma vida saudável em sociedade? Como encontrar o equilíbrio?

A pergunta é central para nos ajudar a entender o nosso tempo. A corrente de pensamento pós-moderna anuncia o fim das Grandes Narrativas, fazendo alusão com essa  expressão aos “pensamentos” que podem ser considerados como “regra geral”.Apesar das aparências, e justamente pelo predomínio de uma Grande Narrativa sobre as outras, a vida em sociedade nunca foi “saudável”; ao contrário, sempre foi marcada por conflitos de todo tipo. É o que Freud analisa por exemplo no seu texto ‘Malestar da Civilização e na Carta a  Einstein sobre a guer

A vida em sociedade nunca foi uma mar de rosas. Não faltam exemplos disso no mundo greco-romano, na segmentação da sociedade supostamente cristã da Idade Média, nas Cruzadas e sucessivamente nas guerras de religião. Da mesma forma, o descobrimento do Novo Mundo e dos costumes exóticos de seus habitantes trouxe grandes questionamentos para a civilização ocidental cristã. Apesar do consenso imposto com a força, fenômenos como a Inquisição, a perseguição aos judeus e, mais tarde, a escravatura dos negros, extirpados de suas terras na África, as  arb aries praticadas pelas práticas colonialistas, cujas consequências se extendem até os nossos dias, são provas suficientes para mostrar quão pouco saudável era é a vida em sociedade. Da mesma forma, o que era aceito no Ocidente, era rejeitado no Oriente e isso fez com que, por muitos séculos, as histórias dessas duas partes do planeta se mantivessem separadas, salvo esporádicas tentativas de aproximação.

O que prevalecia, tanto no mundo Ocidental cristão, como no Oriente era contudo uma “Regra Geral”, para usar a expressão do nosso leitor. Um discurso aceito pela maioria, expressão de uma Tradição, codificada em leis e imposta pela força. A esse “Pai” poderoso, todos tinham que obedecer, por imposição externa e também por uma cobrança interna. Somente era considerado adequado quem obedecia a essa Lei.

Hoje a lei é outra. A lei é imposta pela necessidade do mundo capitalista de sustentar seus ganhos através da criação de sempre novas oportunidades, de novos mercados, de novos consumidores, de novos produtos a serem consumidos e, paralelamente, de formas de produção cada vez mais competitivas. O dinheiro se multiplica em progressão geométrica e, ao mesmo tempo, viver é cada vez mais caro. Bolsões de pobreza continuam a ser gerados a todo momento, como demostram por exemplo dados recentes da ONU. Isto exige um novo tipo de submissão, a submissão às leis do Mercado. Todos, governantes e governados, a elas se submetem. O Mercado é o nosso grande Pai. Quem não consegue se submeter, automaticamente é excluído do cortejo dos bem-sucedidos, perde Status. Neste sentido não há subjetivação e sim individualismo, pois cada um luta por si só na selva impiedosa do sucesso.

O que se prospecta no horizonte é uma sociedade em que o sujeito se vê ameaçado na possibilidade de se expressar fora dos padrões estéticos e éticos impostos pelo Mercado, embora o individualismo seja enaltecido, como meio para continuar tendo um diferencial competitivo e ser vendável nesse mesmo Mercado, custe o que custar.

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