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O fim do mundo

O fim do mundo está chegando?

 Falta mais ou menos um ano para o fim do mundo de acordo com a data anunciada pelo Calendário Maia. Será que o mundo realmente vai acabar? Sinceramente não sei, mas gostaria de falar sobre um fim de mundo que acredito esteja se delineando. Um mundo está acabando e outro está iniciando. Nunca as transições humanas são bruscas e improvisas, mas não há dúvidas que ultimamente as transformações aconteceram com bastante rapidez.

Quais são os sinais que sinalizam para o fim do mundo atual? Os solavancos econômicos a que são submetidos todos os países, inclusive os mais ricos, mostram uma economia instável, à mercê das oscilações do enorme volume de capitais que circulam nos mercados financeiros. As bolhas especulativas geram uma realidade virtual que se sobrepõe à lógica e ao bom senso e à realidade dos fatos. Os produtos são cada vez menos vendidos pelo seu valor real e cada vez mais pelo seu valor simbólico, agregado pela marca, pelas campanhas publicitárias ou pelo oportunismo da especulação.

O cenário tornou-se ainda mais complicado por evidentes sinais de insatisfação que levam parcelas da população a animar cenários de destruição com propósito incerto (Inglaterra, França, Grécia, Itália, etc.). Por outro lado, enormes massas ainda excluídas dos encantos da sociedade de consumo (mundo árabe e China, por exemplo) pedem cada vez mais insistentemente e violentamente para ter acesso ao cortejo dos bem-sucedidos.

A entropia desses movimentos contudo se manifesta na impossibilidade do mundo oferecer recursos ilimitados para todos. Para gerar a riqueza de uma parte da humanidade, a outra deve permanecer na pobreza. Os recursos são limitados e quem tem acesso ilimitado certamente não quer abrir mão de seus privilégios.

Por outro lado, a necessidade de regulamentar os Mercados, esbarra na irracionalidade que os alimenta, corroendo o conceito de lei e de autoridade. Governos e instituições são cada vez mais reféns do poder irracional da grande Besta apocalíptica do Mercado (cf. Ap, 13).

No entanto, o observador mais atento pode perceber que, timidamente, sinais emergem do perturbado cenário mundial, anunciando mudanças profundas que questionam o valor supostamente incontestável do modelo de globalização neoliberal.

Apontarei apenas alguns fatores, sem pretender esgotar uma análise tão complexa.

·        A atenção ao meio ambiente se impõe, já que está cada vez mais claro o quanto as agressões perpetradas contra o meio são lucrativas em curto prazo, mas desastrosas em longo prazo. Daí a urgência de evitar o consumo irresponsável dos recursos limitados do planeta.

·        Há também certa preocupação com a distribuição de riquezas, pois o próprio Mercado, na lógica voraz do cumprimento de metas, precisa sempre de novos “consumidores/adoradores”.

·        As recentes crises mostram a necessidade de introduzir mecanismos de controle internacional que atenuem a perversidade do modelo neoliberal.

·        A deterioração dos ambientes de trabalho aponta para a necessidade de dar maior atenção ao fator humano e aos valores. O guru empresarial Deepak Chopra chega a falar abertamente de uma espiritualidade corporativa. Em seu último livro, a filósofa e física americana Dana Zohar fala em Inteligência Espiritual (QS), exigida ao lado da Inteligência Emocional (QE) e do QI.

Podemos dizer que o novo mundo abrigará os sobreviventes de uma humanidade capaz de valorizar mais a natureza e o ser humano.

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