Dizem que amor de verdade não acaba. É verdade?
Na nossa mente toda palavra se associa a uma representação (significante) que nos remete a um significado. O problema surge quando descobrimos que a mesma palavra tem significados diferentes para o outro. Com isso descobrimos que a nossa forma de aproximar o que acreditamos ser Real é subjetiva. O que consideramos ser “a realidade” é a forma com a qual “representamos” subjetivamente o Real.
A palavra Amor, como qualquer outra palavra, é ambígua. Embora a usemos para descrever algo que supomos ser Real para todos, ela nos remete a uma realidade que é subjetiva. A palavra comunica, mas também aprisiona, pois sempre remete ao que é incomunicável.
A sentença: “O amor verdadeiro não acaba“ pode remeter a diferentes formas de conceber o amor. Para alguns o amor é um “contrato de posse” que obriga a uma dedicação vitalícia compulsória. Para outros isso seria o oposto do amor, pois somente onde há liberdade o amor pode existir. No entanto, introduzir a noção de liberdade no amor pode ser perigoso, pois, nesse caso, o amor estaria vinculado ao desejo e isso o tornaria volátil e inconsistente. Há finalmente quem ache que o amor não tem nada a ver com o desejo e sim com o “compromisso”.
É portanto difícil definir do que estamos falando quando usamos a palavra amor. Talvez não seja exagerado supor que dar um significado ao amor seja o propósito da vida humana. O cristianismo frisa o caráter misterioso dessa palavra por acreditar que ela remete à essência do divino: o desafio do amor nesse sentido estaria inscrito no humano e isso seria o equivalente de mergulhar na essência do divino.
Quando falamos de “duração” do amor, estamos falando na realidade da durabilidade dos vínculos. Um vínculo é durável, mas ele sofre oscilações e transformações, embora, paradoxalmente, uma vez que se constituiu de forma consistente, nunca possa ser totalmente extinto; independentemente do que resolvamos fazer conscientemente com ele e do significado que passemos a lhe dar…