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Crianças estressadas

As crianças também podem sofrer de estresse? Maria José, de São José dos Campos (SP)

 Embora possa parecer estranho, as crianças também podem sofrer muito cedo de formas de estresse. Há situações  em que os sintomas se manifestam até em bebês. Naturalmente, no caso da criança, o maior fator que desencadeia o estresse é ambiental, ou seja, um ambiente inadequado. Fatores externos podem intervir para favorecer um clima tenso, que transmite à criança insegurança, medo e conseqüentemente angústia e ansiedade.

O estresse infantil é observado tanto em situações que envolvem a família como um todo, como em circunstâncias que envolvem apenas a mãe, ou o pai. No primeiro caso, trata-se de situações externas, geralmente fora do controle da família, que causam graves transtornos. Calamidades como enchentes, guerras, secas e outros fenômenos naturais adversos, situações de miséria, instabilidade econômica, desemprego, mudanças de moradia, violência, são alguns exemplos de fatos externos que podem desencadear um clima tenso na família e, conseqüentemente, estresse na criança.

As crises matrimoniais são outro fator que costuma gerar estresse, pois desestabilizam emocionalmente os pais e provocam um clima tenso na família, percebido pela criança como uma situação instável, ameaçadora, da qual via de regra ela se sente culpada.

É importante frisar que, em todos esses casos, muito depende da forma como pai e mãe reagem diante das adversidades. Mesmo situações que geram grande tensão, podem ser superadas pela criança se esta percebe que os pais não estão sendo “destruídos” pelo que está acontecendo. Isto se aplica também às crises do casamento, que, mesmo quando seguidas de separação dos pais, nem sempre são necessariamente destrutivas e nem sempre conduzem a situações extremas de estresse para os filhos.

As situações mais difíceis, do ponto de vista ambiental, para as crianças, são aquelas que envolvem o psiquismo dos pais, comprometido por algum tipo de transtorno. Compõem esse tipo de patologias as neuroses (histeria, comportamento obsessivo compulsivo [TOC], pânico, fobias, etc.), as psicoses (sobretudo esquizofrenia e paranóia), os estados limítrofes (bipolaridade, estado maníaco-depressivo, etc.),  ou, pior ainda, à dependência (bebida, jogo, droga, etc.).

Quando a mãe e/ou o pai estão psicologicamente adoecidos é bastante comum que a criança também desenvolva algum tipo de problema. Existe de fato uma comunicação entre os psiquismos que se dá mediante os processos projetivos e de “evacuação. Mediante esses processos os pais tendem a depositar na criança sentimentos e emoções não elaborados, percebidos como insuportáveis por parte deles e que precisam portanto ser expelidos (uma espécie de evacuação psíquica) para fora.

Trata-se naturalmente de processos inconscientes, que não são percebidos pelos pais. Não há nenhuma intenção por parte deles de prejudicar a criança. Mesmo assim, a criança se torna a depositária das angustias e ansiedades deles, sem ter a capacidade de elabora-las e suporta-las. Tudo isso gera um acúmulo de tensão psíquica que provoca o estresse.

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