Todo dia a mídia noticia episódios de violencia, onde surpreende a crueldade e o desprezo pela vida humana. Como lutar contra a violência que nos acua cada vez mais?
Cenários de violencia e barbárie
Esperando o elevador, fui surpreendido pelo comentário de dois moradores do prédio onde moro que se diziam aliviados por chegar em casa sãos e salvos. A conversa me remeteu a um cenário de guerra. É o que apontam as pesquisas: um aumento de 100% dos homicídios nos primeiros meses deste ano em comparação com 2012.
O aumento não é apenas quantitativo e sim também qualitativo. São cada vez mais frequentes os crimes marcados por situações de violência gratuita, bárbara, protagonizados por marginais, inclusive menores, cínicos e cruéis. Todos nós, ricos e pobres, nas grandes cidades ou no interior, estamos expostos a esse tipo de situações, mesmo admitindo que nos bairros mais pobres os índices de violência são superiores.
O que torna mais angustiante essa percepção é saber que, se tivermos a má sorte de cruzar com um marginal dessa espécie, não haverá reação que garanta a nossa vida, pois estamos diante de comportamentos marcados pela psicopatia, que não respondem a nenhuma lógica comum.
Tamanha impotência tende a despertar sentimentos de revolta e, ao mesmo tempo, de medo. O olhar se volta para o poder público, à espera de uma solução mágica. Os mais engajados fazem campanhas na Internet ou participam de passeatas. A maioria procura continuar sua vida na costumeira indiferença. Há ainda os que reforçam os sistemas de segurança, compram um carro blindado ou uma arma. Mera ilusão.
Por sua vez o Poder Público e o Sistema Judiciário estão paralisados diante de sua própria ineficiência, lentidão e despreparo, favorecendo um clima de impunidade e de desprezo pela lei.
Aliás, desrespeitar a lei, qualquer lei, se tornou normal. Há até certo desprezo pelos “malas” que continuam achando que a lei deve ser seguida. É justamente essa normalidade do anormal que merece ser pensada, pois representa um típico componente do nosso dia-a-dia de brasileiros. Provavelmente por aí passa também a possibilidade de reverter a escalada da violência.