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Vida amorosa e sexualidade

Casar ainda é uma opção?

{jcomments on}Antigamente as pessoas nasciam, cresciam, casavam-se, tinham filhos, envelheciam e morriam. O casamento e a constituição da família fazia parte de um ciclo de vida. E hoje isto é entendido dessa forma? Ou o casamento não passa de uma opção?

Apesar de o casamento ser considerado por alguns uma instituição falida, ele exerce ainda um forte apelo e é considerado pela maioria dos jovens um ponto de chegada. Pelo menos é o que sugere o fato dos casamentos representarem um evento social marcado por um cenário suntuoso que se tornou o sonho de consumo dos jovens casais. Na maioria dos casos, isso envolve um investimento financeiro que onera as famílias dos noivos de forma considerável. Se o investimento é dessa ordem, quer dizer que Casar ainda está na moda.

Apesar do crescente número de divórcios, namorar e casar ainda constitui para muitas jovens entre vinte e trinta anos uma meta a ser alcançada. Passando dos trinta, a sensação para a maioria das mulheres solteiras é de estar marcando passo diante de uma etapa importante da vida. Embora a maioria das mulheres em idade de casar seja hoje financeiramente independente, ainda existe uma pressão social que vê no casamento uma etapa da vida da mulher que não pode ser dispensada.

Os jovens, embora demonstrando menos pressa para “se amarrar”, também não deixam de considerar o casamento como uma meta a ser alcançada, sobretudo quando os amigos começam a namorar seriamente e a casar. Também para eles casar representa um passo importante no caminho do amadurecimento e da inserção no mundo dos adultos.

Os mesmos jovens que nas baladas “ficavam” com dezenas de colegas do sexo oposto, de repente resolvem namorar e levar a sério o compromisso com uma pessoa específica. Apesar da maior liberdade sexual e provavelmente justamente por causa disso, a maioria dos jovens que já “ficaram” (sendo que o ficar inclui desde o beijo, até uma relação sexual meramente ocasional), resolvem partir para o namoro e escolher um(a) parceiro(a) fixo(a).

Mesmo se não todos os jovens acabam casando, passar a viver com um parceiro de forma estável é uma alternativa que atrai e continua sendo atual. Em muitos casos a união estável acaba levando ao casamento de papel passado, se tornando uma forma de iniciar a vida a dois sem enfrentar de uma vez toda a pressão psicológica, social e econômica que o casamento envolve.

Constituir uma família ou pelo menos arrumar um parceiro estável com quem viver, é um apelo que vem do próprio psiquismo. A experiência clínica mostra que tanto nos casos em que a família representa uma memória positiva da infância, como nos casos em que representou uma vivência negativa, ela tende a se tornar um ideal a ser alcançado.

Isto não quer dizer que para todos seja fácil se vincular de forma estável, mas, mesmo quando isso é difícil, o desejo de construir um vínculo estável existe e esse desejo, de alguma forma, é perseguido.

Freud, no famoso artigo sobre o Narcisismo, faz um detalhado estudo do amor e da forma como ambos os sexos se apaixonam. Para o pai da psicanálise, homens e mulheres se vinculam amorosamente de forma diferente, em ambos os casos, contudo, ele remete a relação com um parceiro do sexo oposto a uma estrutura psíquica primária, ou seja, presente em todos como uma estrutura fundante do psiquismo.

Para Freud, a busca de um vínculo amoroso se relaciona de alguma forma com a estrutura narcísica do psiquismo. A gratificação narcísica se dá para os homens na conquista do amor da mulher. Ao se sentirem acolhidos e amados por uma mulher eles alimentam o seu ego que fica assim fortalecido. Já para as mulheres (sobretudo se belas, esclarece Freud), a gratificação narcísica e o fortalecimento do ego consistem em ser escolhidas e amadas pelo homem. Seja como for, amar é necessário tanto para os homens como para as mulheres e o desejo de procurar e manter uma relação estável é uma consequência disso.

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