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As sementes do mal

“Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas, pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes constitutivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade”. É o que Freud constata, com seu habitual pragmatismo, em O mal-estar da civilização: Infelizmente fatos recentes como o linchamento de uma mãe de família de 33 anos por parte de um bando enfurecido confirma que, mais uma vez, o pai da Psicanálise tinha razão.

Se o linchamento de um inocente é a expressão mais gritante desse lado perverso do humano, outras manifestações não menos preocupantes ocupam as manchetes dos jornais diariamente, com o perigo de tornar banal a presença do mal no nosso convívio social: um fenômeno próximo daquele apontado por Annah Arendt no seu ensaio sobre a banalidade do mal, comentando o Holocausto Nazista.

 A lista de eventos é grande: desde a morte premeditada e cruel de uma criança, as centenas de ônibus queimados por manifestantes, a violência policial, até fenômenos menos contundentes, mas não menos preocupantes em sua raiz, o vandalismo e as pichações que também são atos de violência que agredirem o patrimônio público ou privado,

O fato de quem se manifesta querendo reivindicar um direito se sentir autorizado a ignorar abertamente os direitos dos demais e a lei, aponta para a liberação de um núcleo de perversão que beira a psicose, resultando em uma poderosa ameaça ao convívio social.

Tudo isso acontece em um perigoso conluio envolvendo autoridades e população que parecem competir para ver quem é mais forte no desrespeito à lei. Naturalmente os mais atingidos serão mais uma vez os mais fracos, como é na lógica perversa de toda Ascenção do Mal.

Enquanto isso acontece, os dedos acusadores se levantam hora em uma direção, hora em outra, dependendo da “camisa” do time que cada um resolve vestir, em uma espiral de descontentamento que somente tende a aumentar a agressividade.

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