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A opinião dos outros

Dependo demais da opinião dos outros para tomar minhas próprias decisões. Isso pode me prejudicar? (Anônima)

Escutar a opinião do outro pode ser muito útil para fundamentar nossas decisões com mais cuidado. Todos nós concebemos as coisas a partir de um filtro interno que nos permite “processar” algo daquilo que é percebido e descartar outras partes que não são consideradas “importantes” pelo nosso psiquismo ou, pior ainda, que não são sequer “enxergadas”. Tais percepções, vindas do mundo externo, vão diretamente para o baú do esquecimento por fazer parte daquelas percepções que o inconsciente considera “perigosas”, porque despertam em nós algum tipo de angústia  ao se misturarem com percepções e memórias desprazerosas que provêm do nosso mundo interno.

A opinião do outro pode nos ajudar a tomar consciência de que algo passou despercebido. No entanto, nem sempre isso é suficiente para que realmente possamos levar em conta o que o outro nos está apontando e possamos incluí-lo no nosso processo de “pensar” para tomar uma decisão.

Se o fechamento sobre si mesmo e o endurecimento teimoso sobre a própria maneira de conceber as coisas pode ser perigoso na hora de tomar uma decisão, o oposto também pode ser desastroso.

A nossa psique se organiza em torno de uma estrutura que garante a sua sustentação. Trata-se da instância interna que nos permite dizer: Eu. Sempre costumo afirmar que toda decisão é correta desde que seja realmente uma decisão “pessoal”, ou seja, processada a partir do eu profundo do sujeito.

Quando uma decisão é tomada a partir do Eu profundo, é como se houvesse um alinhamento de planetas. A energia psíquica flui com muita força e, mesmo existindo ansiedade, a decisão é sustentada por uma sensação prazerosa que “energiza”.

O medo de não ter tomado a decisão “certa”, de desagradar o outro, de não dar conta do recado, etc., causa em nós uma sensação de ansiedade que, dentro de certos níveis, é normal pois ninguém tem uma bola de cristal para ver o futuro. O problema surge quando esse medo é paralisante.

O recurso á opinião do outro nesses casos não visa ampliar a percepção das coisas e sim dar uma sustentação á própria decisão que o Eu profundo não consegue dar, pois ocorreu uma fragilização do Eu. Neste caso, recorrer á decisão do outro é prejudicial, porque a responsabilidade é repassada para o outro, em cujos ombros despejamos o peso da decisão.

Desde a infância, a maioria de nós percebe que o mundo espera que tomemos a decisão “certa”, que invariavelmente é aquela esperada pelo ambiente, inicialmente representado pelos nossos pais e sucessivamente por  todos aqueles aos quais conferimos alguma importância. Poucos pais têm a generosidade e a paciência para ajudar os filhos a explorar suas próprias decisões.

Quando somos convocados a tomar uma decisão, há uma necessidade interna que o caminho escolhido faça sentido para nós. Isto não que dizer necessariamente que a decisão seja fácil ou que siga o caminho mais fácil, mas significa que, seja qual for o caminho escolhido, este seja percebido como algo que está em harmonia com o Eu profundo, com suas “formas”, com sua maneira de ver o mundo, com sua ética e com sua estética de vida, enfim algo pelo qual possamos nos responsabilizar diante do mundo.

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