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Psicanálise

A Trama da Subjetividade

(C) Valéria Theodoro Ramos[1]

PRELIMINARES

Da encruzilhada vislumbra os três caminhos. Atrás de si, deixara Corinto e as predições do oráculo. À sua frente a estrada se bifurca. Hesita, os pés inchados, feridos. Assusta-se com o carro que se aproxima. Não pode ver o condutor, nem quem é conduzido. Num salto, libera a estrada, sem cogitar qualquer resistência. Acompanha da margem a comitiva que passa, também não pensa em segui-la. Do veículo, Laio se inclina e observa sem grande interesse o que ou quem obstruíra sua passagem. Nada com que se preocupar, era apenas uma mulher na estrada.

A escolha estava feita. Ela seguiria o caminho oposto ao do carro. Tebas, afinal, era um destino tão bom como outro qualquer.

Retomando a marcha e, embora caminhasse muito lentamente, enxerga aliviada a muralha da cidade. Ansiosa avança, mas é interrompida, agora sem possibilidade de recuo. À sua frente, um ser colossal lança uma sombra imensa, interpondo-se entre si e seu destino: “asas e garras enormes, corpo de avestruz, crânio hominídeo, óculos, barba e charuto”. A Fera envolve a menina com seu olhar perscrutador. O membro enorme em riste, desafia: “Decifra-me ou devoro-te!”. A jovem, entre aterrorizada e fascinada, ergue as saias expondo sua vagina em flor e diz num arremedo: “Decifro-me e te devoro”. Flor a ser colhida, avança em direção à besta acuada. Charuto apagado, óculos embaçados, num grito estrangulado a fera lança-se ao abismo. Curiosa, a menina acompanha a queda e constata no chão a transformação da figura mitológica em criatura humana.

Destruída a esfinge, a criança vê a muralha da cidade desfazer-se como peças de lego. Em passos trôpegos dirige-se à escadaria do palácio de Tebas. Tem fome, tem sede, tem sono. Cambaleia. Suas pernas frágeis, suportando o pequeno corpo, cedem ao peso da cabeça desproporcional. É obrigada a subir de quatro os degraus que se multiplicam. Nesta posição vislumbra os próprios pezinhos roliços, sem feridas. Ampara-se a cada degrau superado nas mãos gorduchas. As vestes grandes demais são abandonadas na escalada. Sem fôlego, aos soluços, atinge o topo. Engatinha em tiros rápidos em direção à rainha de Tebas que vem ao seu encontro. O bebê parece contemplar, no triângulo da face, os olhos maternos. A criança sorri. A mãe aninha a menina em braços e palavras sussurradas. Oferece-lhe o seio: “Um” é recebido com pequenas cabeçadas, o “Outro” é sugado com avidez. Tudo se acalma. No leito da rainha de Tebas, mãe e filha adormecem.

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INTRODUÇÃO

Em 1897, Freud abandona a “teoria da sedução” para dar início à formulação do Complexo de Édipo, ponto central da “teoria da sexualidade infantil”, sistematizando no decorrer de anos, através da investigação psicanalítica sobre a evolução biológica, o desenvolvimento psíquico do ser humano, fundamento da própria subjetividade.

Assim como a “teoria da sedução” buscara inicialmente identificar o “fenômeno/fato traumático” que estivesse na origem das psiconeuroses[2], o “complexo de castração” afirmaria no mundo fenomênico as bases de seu congênere o complexo de Édipo.

O corpo humano em suas diversas dimensões (material, psíquica, simbólica) conduz as construções psicanalíticas, mas também se revela engendrado por elas. A teoria de Freud se inscreve em nossos corpos. Somos corpos pós-freudianos.

Corpo biológico: contornos ampliados como suporte da vida

Buscando inscrever a psicanálise dentre as ciências da natureza em oposição às ciências do espírito, Freud apresenta o corpo biológico como suporte do psiquismo[3]. Freud compreenderia o ser humano como um aparelho psíquico movido por forças, pulsões, dentre as quais se destaca a “libido” de natureza essencialmente sexual[4], dinamizadas primeiramente pelo princípio “prazer/desprazer”[5]. Imerso nas ciências da natureza como objeto de estudo, mas distante do natural/do instintivo, o corpo humano para a psicanálise em sua dimensão biológica é externamente repositório de estímulos e internamente fonte/alvo de pulsões sexuais (cujo desenvolvimento caracterizará a própria maturidade do ser).

Mas para além do próprio corpo, ou melhor: antes da percepção do próprio veículo biológico, singular/destacado no tempo e no espaço, o filhote humano é amparado/absorvido pela realidade corpórea de outrem[6]. Não enxerga o próprio contorno, mas o seio, que o alimenta, torna-se parte de si. Seio odiado/amado, aos poucos internalizado, inscreve no psiquismo infantil a noção de bom e de mau[7], primeiramente de forma parcial/cindida, posteriormente de forma integral.

Na fase pré-edípica é o encontro com o corpo da mãe que fundamentará a própria integração do psiquismo na criança[8]. É certo que não se trata ainda de relação de subjetividades. Mas aqui os corpos biológicos já se encontram ampliados pelo tecido[9] cultural, seja pelas pulsões que orientam as fases sexuais na criança, seja pela fala materna que conduz o ser à singularidade.

O corpo psíquico: o ser falado por outro

O corpo da mãe, então, não é um corpo qualquer, sobretudo porque detém a palavra.

“Uma das marcas dessa vivência fundamental é a deixada pelo fato da mãe ser a detentora dos poderes da palavra. O “primeiro dito” da vida da criança é o da mãe, não o da própria criança(…) O fato da mãe falar pela criança no início da vida faz com que todo um primeiro capítulo de sua história fique para sempre ignorado por ela. É o que Freud nos ensina ao dizer que o inconsciente se constituiu pela formação de um recalque originário(…)Se o ser humano nunca mais terá acesso a essa parte inicial de sua história é porque seu próprio começo está no Outro; não nele (…) É por isso que Lacan diz que “o inconsciente é o discurso de Outro”[10].

Pela palavra a forma materna se destaca do ambiente difuso, mas ainda é uma mera forma. A medida em que o corpo psíquico da criança é inaugurado pela sustentação materna[11], feita de materialidade (seios, braços, mãos, olhos) e palavras, a mãe ganha objetividade e a criança se integra psiquicamente, apropriando-se de seu próprio corpo, testando seus próprios limites e o poder sobre o outro[12].

O corpo da criança, ainda que movido por pulsões de prazer e desprazer, numa sexualidade ampliada[13], é percebido inicialmente como uma realidade corporal “fragmentada” e unificado pela palavra que o ampara. Segundo o paradigma winnicottiano[14] é através da mãe que a criança percebe sua existência e possibilidade de continuar a existir. Qualquer “ruído” ou falta neste momento de constituição pode ter efeitos nefastos sobre os fundamentos da subjetividade e o ser estará inclinado à desintegração constante, mesmo na maturidade[15].

Integrar-se e perceber-se como uno e único, pela libido e fala maternas, conduz inexoravelmente a criança a perceber o Outro (mãe) como distinto e distante.

O olhar especular materno dos primeiros meses de existência é substituído pelo espelho narcísico da fantasia. A singularidade desde os primórdios é cravada na falta, seja pela ausência física, seja pela ausência de resposta da mãe. Aos poucos, o filhote humano, que é expulso do útero indistintamente prematuro, desvencilha-se do vínculo fusional com a mãe. O nascimento chega ao termo. A ferida Narcísica se abre com a castração primordial, vivenciada por todos.

“A libido narcísica ou do ego parece-nos ser o grande reservatório de onde partem as catexias do objeto e no qual elas voltam a ser recolhidas e a catexia libidinosa narcísica do ego se nos afigura como o estado originário realizado na primeira infância, que é apenas encoberto pelas emissões posteriores da libido, mas, no fundo, se conserva por trás delas”[16].

A libido anteriormente compartilhada com a função cuidadora, volta-se para si. A equação prazer e desprazer deve ser equilibrada internamente numa evidente sofisticação do aparelho psíquico, correspondente à busca por autonomia do ser humano.

Duvidovich retoma a acepção de narcisismo em Freud enquanto “complemento libidinal do instinto de conservação”, destacando a “fase de narcisização do sujeito humano”:

“fenômeno através do qual, e só através do qual, constitui-se a própria matriz de toda possível unidade subjetiva. Ato através do qual o sujeito ganha o primeiro desenho de um corpo, de uma superfície capaz de engendrar um Eu, que se diga de passagem ficará, uma vez constituído, para sempre ameaçado de fragmentação, de desaparecimento da unidade, isto é, de morte; sendo necessário um constante investimento e um constante esforço para sua manutenção[17].

O corpo teórico: a anatomia como destino[18]?

A abordagem que faremos agora, dizem, é considerada a “pior leitura que se possa fazer de Freud[19]. Vamos empreendê-la, no entanto, porque confiamos no método psicanalítico e todo desacerto/desvio será revelador.

A ferida narcísica nos conduziria à fase fálica, cujo núcleo seria o complexo de Édipo. Correspondendo à pulsão de saber/conhecer na criança (fase do “por quê”), surgiriam as teorias infantis a partir do corpo, dentre elas a teoria sobre a castração.

A matéria desse corpo teórico “fantasiado” transposto para a teoria freudiana será a anatomia real, mas não a integral (base para o humano, indistintamente) e sim a anatomia visível.

O que os olhos da infância veem? A diferença, caso tenham oportunidade[20]. Podem ver a castração em seu próprio corpo? Cremos que não, exceto se a hipótese de castração já fora enunciada, integrando o psiquismo. A criança que entretece a fantasia da castração, sustentando o paradigma edípico, é a criança universal em sua infância ou a criança através de Freud?

Ela nota o pênis de um irmão ou companheiro de jogos, flagrantemente visível e de tamanho notável, reconhece-o de imediato como a superior contrapartida de seu próprio órgão pequeno e oculto, e passa a ter inveja do pênis.(…) Somente depois, quando uma ameaça de castração teve influência sobre ele, observação[21] lhe será significativa; sua recordação ou renovação suscita nele uma terrível tempestade de afetos e o força a crer na realidade da ameaça até então desdenhada. ”[22]

Pesa sobre o menino em Freud o horror à castração, a menina reconhece em seu corpo que é castrada. Caberia perguntar qual a função do medo/terror na teoria edipiana original. O supereu só pode ser erguido nesses termos? O menino tem medo de perder algo, a menina já perdeu:

“Com a menina é diferente. Num instante ela faz seu julgamento e toma sua decisão. Ela viu, sabe que não tem e quer ter”.[23]

A teoria da sexualidade em Freud monista[24] classifica a libido como masculina. Nessa “fase da organização genital infantil existe um masculino, mas não existe um feminino; a alternativa é: órgão genital macho ou castrado”.[25]

“a humilhação narcísica relacionada à inveja do pênis, a lembrança de que neste ponto não é possível ficar à altura dos garotos, sendo melhor deixar de lado a concorrência com eles. Dessa maneira, o reconhecimento da diferença sexual anatômica impele a menina a afastar-se da masculinidade e da masturbação masculina, em direção a novas trilhas que levam ao desenvolvimento da feminilidade[26].

A ferida narcísica, enquanto rompimento (necessário) do vínculo fusional com a mãe, já não seria suficiente para estabelecer o triângulo edípico?

Por que inscrever a sombra da falta na anatomia feminina? Por que a teoria freudiana deve ser erguida às custas da imagem feminina mutilada? Dirão: nada é castrado no real, tudo é fantasia. É apenas simbólica a castração. Não para Freud: a mulher constata a castração anatomicamente e precisaria psiquicamente se adequar.

“No que toca à relação entre complexo de Édipo e complexo de castração, surge um contraste fundamental entre os dois sexos. Enquanto o complexo de Édipo do menino sucumbe ao complexo de castração o da menina é possibilitado e introduzido pelo complexo de castração. Essa contradição é esclarecida se ponderarmos que o complexo de castração sempre age no sentido de seu conteúdo, inibindo e limitando a masculinidade e promovendo a feminilidade. A diferença, neste trecho do desenvolvimento sexual do homem e da mulher, é uma consequência compreensível da diversidade anatômica dos genitais e da situação psíquica a ela relacionada; corresponde à diferença entre a castração realizada e aquela apenas ameaçada”[27].

Essa dinâmica ainda apresenta operacionalidade na psicanálise? Certamente sobram exemplos de castração na clínica psicanalítica. Não se contesta. Poderíamos enumerar vários, reais[28] e simbólicos. Não se estranha a castração figurada, mas a necessidade de uma ancoragem anatômica. Por que a mulher é a figura exemplar de “suplício” para afirmar a estrutura edípica? Não podemos deixar de pensar no papel destinado à mulher na mitologia judaico-cristã, que afasta do imaginário coletivo o poder apotropaico da genitália feminina[29].

O simbolismo parece-nos surgirá em Freud com a entrada no Édipo, vivenciada em momentos diversos pelo menino e pela menina:

“Mas agora a libido da garota passa — ao longo da equação simbólica pênis = criança, é tudo o que  podemos dizer — para uma nova posição. Ela abandona o desejo de possuir um pênis, para substituí-lo pelo desejo de ter uma criança, e com esta intenção toma o pai por objeto amoroso. “[30]

O corpo social

Em que momento a anatomia deixou de ser expressão da violência para ser símbolo da falta? As mesmas pulsões sexuais que desenham o contorno corpóreo e materializam a fortaleza da subjetividade erguem culturas e sociedades através da sublimação. A corporificação da falta evidentemente não pode se reduzir a uma análise sexista[31]. Não se inscreve no corpo físico/anatômico, mas no psiquismo em simbiose com o corpo sociocultural. Parece-nos que, a despeito da constatação freudiana de que anatomicamente somos todos originariamente bissexuais e indistintamente movidos por tais pulsões desde a mais tenra infância[32], a construção edípica inicial não escapa da ênfase à relação objetal de forma “culturalmente esperada”.

Podemos pensar que ampliadas as questões de gênero e os correlatos papéis sociais, a entrada/saída do triângulo edípico, que ocorreria para Freud em momentos e circunstâncias tão diversas para homens e mulheres, será revista e a construção do supereu reposicionada? Caberia supor que a violência contida na (ameaça de) castração em grande medida é transposta (ainda que de forma difusa) do seio familiar para uma dimensão coletiva, onde se desenvolvam os novos processos de identificação? O diálogo permanece…

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In(conclusão)

No sono a menina desperta “entre árvores e esquecimento”[33]. A dor aguda nos calcanhares impede-lhe os passos. Cegada pela fumaça do charuto, mergulha no veludo profundo do divã. Abre os olhos embaçados que ardem. Está no carro e, sentado à sua frente, Laio olha pela janela para ver o que ou quem detivera seu caminho na encruzilhada. Ela, se esticasse a mão, tocaria os dedos ásperos e longos do homem. Permanece imóvel, escutando o pulsar do veículo. Vislumbra ao fundo Tebas, rasgada pelo perfil paterno. A mulher retém no horizonte da retina o reino, que aos poucos se distancia.

 

[1]     O presente estudo foi apresentado como conclusão do Ciclo II do Curso de formação em psicanálise no Centro de Estudos Psicanalíticos, 2020.

[2]     LAPLANCHE, J. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo, Martins Fontes, 1992, p. 469.

[3]     FULGÊNCIO, L A concepção da natureza humana de D.W. Winnicott. Instituto de Psicologia da USP, 2015, disponível no youtube.

[4]     FREUD, S. “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)”. Obras Completas, Vol. VII, Imago 1996, p.207. A libido na teoria freudiana apresenta-se como parâmetro para mensurar a excitação sexual. “A distinção entre moções pulsionais e as restantes e, portanto a restrição do conceito de libido às primeiras, encontra forte apoio na hipótese de química particular da função sexual.”

[5]     Parece-nos que na teoria da sexualidade corresponderia à modulação da tensão sexual, com sua correspondente satisfação.

[6]     Quem represente a função materna.

[7]     KLEIN, M. “Desenvolvimento psíquico inicial: teoria das posições : posição esquizo-paranoide. Algumas Conclusões Teóricas Relativas à Vida Emocional do Bebê (1952). Obras Completas de Melanie Klein, Vol. III, Ed. Imago, p. 85 a 118.

[8]    Desse encontro: narcisismo primário.

[9]     Tecido: o termo aqui é visto como conceito da biologia, mas também como trama, artefato produzido.

[10]   ZALCBERG, M. Amor paixão feminina. Rio de Janeiro, Elsevier, 2007. p.33

[11]   A dimensão do materno deve ser larga, integrando a diversidade de atores que exerçam efetivamente a função de mãe.

[12]  Como para Freud na fase anal em que a tônica é o controle dos esfincteres.

[13]   LAPLANCHE, J. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo, Martins Fontes, 1992, p. 476.

[14]   FULGÊNCIO, L. A concepção da natureza humana de D.W. Winnicott. Instituto de Psicologia da USP, 2015, disponível no youtube.

[15]   TELLES DE DEUS, R. “E se a criança jamais existiu? A análise de pacientes desprovidos dos alicerces do si mesmo.” Reunião Temática, Centro de Estudos Psicanalíticos, 02/07/2020.

[16]   FREUD, S. “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade 1905”. Obras Completas, Vol. VII, Imago 1996, p.206.

[17]   DUVIDOVICH, .E. “Narcisismo. Uma patologia do nosso tempo.” Apostila Centro de Estudos Psicanalíticos, 1990, p.02

[18]   FREUD, S. “A dissolução do complexo de Édipo (1924)”. Obras Completas, Vol. XIX, Imago, 1996, p.195.

[19] Algumas ponderações sobre essa adjetivação: é a pior porque o que se oferece à leitura é de fato ruim e deve ser descartado ou é a pior porque o leitor não é bom o suficiente para entender a grandeza do que se lê? Nenhuma das duas conclusões nos concerne. A adjetivação, revelando uma comparação depreciativa, já se apresenta como um belo exemplo de castração. Tenta tornar unívoco um tema que inspira ainda diálogo.

[20] Nunca quando criança, olhei profundamente minha genitália. Aliás a genitália infantil feminina geralmente é muito discreta. Sei disso, não porque visse a minha, mas tinha a visão do corpo nu de minhas irmãs, crianças também. A revelação da genitália masculina veio em brincadeiras com outras crianças que motivaram as repreensões domésticas que certamente muitos conhecem. No momento da “descoberta” de um corpo diverso o que foi suscitada em mim foi a curiosidade, estranheza. Me vejo bem com ganas de puxar e beliscar aquele anexo (um dedinho fora de lugar) perguntando: dói? Não se preocupe, não o fiz. Bem, acho que não…o importante é que nada em mim faltava, era no outro que sobrava.

[21]   Da genitália feminina.

[22]  FREUD, S.  “Algumas consequências psíquicas da diferença anatômica entre os sexos (1925)”. O Eu e o Id, “Autobiografia” e Outros Textos  (1923-1925). Obras Completas, Volume 16, Tradução Paulo César de Souza, São Paulo, Cia das Letras, p 262.

[23]   Idem

[24]   ROUDINESCO, E, PLON.M. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro, Zahar, 1998.

[25]   LAPLANCHE, J. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo, Martins Fontes, 1992, p. 73.

[26]  FREUD, S.  “Algumas consequências psíquicas da diferença anatômica entre os sexos”(1925). O Eu e o Id, “Autobiografia” e Outros Textos  (1923-1925). Obras Completas, Volume 16, Tradução Paulo César de Souza, São Paulo: Cia das Letras, p 265.

[27]   Idem, p 266.

[28]   Lembremos a violência de práticas conhecidas como a mutilação feminina em países da África, Ásia e Oriente Médio e, no ocidente, prática reiterada e desnecessária da histerectomia, tendo como parâmetro o fim da idade reprodutiva nas mulheres.

[29]   BLACKLEDGE, C. História da V: abrindo a caixa de Pandora. São Paulo: Editora Degustar, 2004. Na mitologia judaico-cristã (sem nos preocupar aqui com a visão cronológica linear), a mulher ora corporifica o “mal”: o pecado, o demônio, a tentação; ora simboliza o bem supremo da maternidade sem sexo. A Virgem-Mãe, símbolo maior feminino na perspectiva judaico-cristã, é uma mulher “sem orifício” como brinca a canção de Chico Buarque. Mulher desprovida de corporeidade (e aparentemente sem genitália) glorifica-se pelo “fruto de seu ventre”. Podemos livremente supor que essa é a mulher ideal do complexo edípico: aquela que se reconhece castrada, mas consegue cumprir o seu desejo de gerar um filho do deus-PAI, contornando o inconveniente das relações incestuosas. No entanto, existem outros mitos fundadores que não renunciam ao corpo da mulher, nem o enxergam como “mal” ou mutilado/inferior. Em muitos deles, como ilustrado pela autora, a genitália feminina apresenta um poder de proteção (apotropaico). Daí a mitologia da “saia erguida” para afastar o mal.

[30]  FREUD, S. “Algumas consequências psíquicas da diferença anatômica entre os sexos (1925)”. O Eu e o Id,        “Autobiografia” e Outros Textos  (1923-1925). Obras Completas, Volume 16, Tradução Paulo César de Souza, São Paulo, Cia das Letras, p 265.

[31]   Durante esse estudo fui alertada de que nem as feministas davam mais  importância à questão anatômica em Freud.

[32]   FREUD, S. “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)”. Obras Completas, Vol. VII, Imago, 1996, págs. 117 a 231.

[33]   CAMPOS, A. “Passagem das Horas”.

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