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Como lidar com o fracasso?

Como lidar com o fracasso?

Rapidez, desempenho e resultados são buscados constantemente no cenário da vida contemporânea. Ser eficientes, rápidos e bem-sucedidos tornou-se uma obrigação, não apenas no âmbito profissional, mas também no âmbito pessoal. Aliás, no plano pessoal parece existir uma espécie de cronograma que envolve a formação, o estágio, eventualmente o intercambio no exterior, a carteira de motorista, a casa própria, namorar, casar e ter o primeiro filho…

Tudo isso parece estar escrito em uma misteriosa “agenda”, guardada a sete chaves. O “guardião” dessa agenda é o nosso “Superego” que age como um atento vigilante, uma instância moral surgida a partir da interiorização inconsciente das normas sociais e culturais do nosso meio.

Naturalmente, quando o indivíduo não corresponde, quando vários itens da “agenda” não são cumpridos, a sensação de fracasso começa a se instalar. O problema porém não é o “fracasso” em si, mas a “cobrança” interna que não admite falhas. Trata-se de uma “pressão” que se origina no próprio inconsciente e que faz o indivíduo se “culpar” pelos seus fracassos.

Não é à toa que uma das doenças psíquicas mais comuns hoje é a “de-pressão”, uma reação psicológica que visa combater a sensação de pressão interna, fazendo com que o psiquismo se paralise e tenda a se “desligar” do mundo externo. Tudo isso naturalmente é acompanhado de reações biológicas que afetam o funcionamento normal do cérebro.

Quando observamos uma criança pequena, percebemos que o “fracasso” faz parte integral do seu processo de aprendizado. Para aprender a andar ela cai inúmeras vezes, anda cambaleando por um determinado tempo, os movimentos ainda são pouco coordenados, etc. No entanto a criança não se deprime com isso, tenta e tenta até conseguir os avanços necessários. Tudo isso é normal.

No que diz respeito às nossas vidas, no entanto, há uma pressão interna que não admite esse tipo de funcionamento, tudo deve ser de acordo com  uma “agenda” predeterminada, escrita sabe-se lá por quem. A aceitação do “limite” que faz parte do processo de aprendizado das crianças, é retirada abruptamente quando a criança se torna um adolescente e sucessivamente um adulto.

Não precisa dizer que tudo isso tem a ver com a nossa atual concepção performática do mundo e do tempo, imposta com rigor absoluto pelos avanços do neoliberalismo e pela sociedade de consumo.

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