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Tratamento com hipnose

Gostaria de saber se tratamentos psicológicos baseados na hipnose, para tratar fobias, ansiedade e outras doenças, podem mesmo dar certo. Roberto Bastos da Silva, Cachoeira Paulista (SP)

Desde o século XIX experiências médicas comprovaram que a hipnose pode trazer à tona antigos traumas que estão à raiz de determinados sintomas psíquicos. O próprio Freud, quando ainda era um desconhecido neurologista, se deslocou de Viena a Paris para participar das demonstrações do Dr. Charcot, que usava a hipnose para explicar a origem dos sintomas histéricos.

Por um tempo Freud usou a hipnose no tratamento da histeria, substituindo-a mais tarde pela sugestão. O posicionamento do analista por trás do divã do paciente se deve a essa prática que supunha o médico colocar uma mão na testa do paciente para “induzir” suas memórias inconscientes. O trabalho em parceria com Breuer e o caso de Anna O. levaram aos poucos a substituir essas técnicas pela prática da “associação livre”, fazendo com que a psicanálise se focasse essencialmente na fala e na relação do analista com o paciente (transferência).

 Freud abandonou o tratamento pela hipnose, alegando que seus resultados não eram confiáveis, pois, depois de um tempo, o paciente voltava manifestar os mesmos sintomas. Alguns alegaram que isso se devia ao fato dele não saber usar adequadamente a hipnose, mas a prática clínica mostra que a superação de um trauma inconsciente é de fato um processo demorado e difícil, levando a desconfiar de técnicas que prometem resultados rápidos em poucas sessões.

Existe algo no psiquismo que Freud definiu como “adesividade”, que exige da mente um longo processo de “elaboração” para que um funcionamento neurótico que se estabeleceu e dominou por anos o funcionamento psíquico seja dominado pela consciência e transformado.

Com isso não nego que tratamentos mais rápidos e incisivos que o processo analítico (como no caso das técnicas da teoria comportamental e cognitivista) possam ser úteis em determinadas situações, sobretudo se mais tarde forem integrados pelo tratamento analítico.

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